Flavio Bolsonaro posta vídeo do corpo de Capitão Adriano
"Perícia da Bahia (governo PT), diz não ser possível afirmar se Adriano foi torturado", escreveu o senador
O senador Flavio Bolsonaro causou polêmica nas redes sociais nesta terça-feira (18) ao compartilhar um vídeo da autópsia do miliciano miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, ex-oficial do Bope. "Perícia da Bahia (governo PT), diz não ser possível afirmar se Adriano foi torturado. Foram 7 costelas quebradas, coronhada na cabeça, queimadura com ferro quente no peito, dois tiros a queima-roupa (um na garganta de baixo p/cima e outro no tórax, que perfurou coração e pulmões", escreveu o senador.
Nas imagens, é possível ver um profissional virando o cadáver de Adriano, que está nú em cima da mesa de autópsia. A família Bolsonoro acusa o governo baiano te encomendar a morte do ex-policial. "Quem foi responsável pela morte do capitão Adriano foi a PM da Bahia, do PT. Precisa dizer mais alguma coisa?", disse o presidente, que também acusou o governador do estado, o petista Rui Costa, de ter "ligações criminosas".
As imagens são fortes, mas a postagem do senador pode ser vista aqui.
Entenda o caso do capitão Adriano
O ex-policial militar Adriano Magalhães da Nóbrega, conhecido como "capitão Adriano", foi morto em uma troca de tiros com a polícia na manhã do último dia 9 em Esplanada, no interior da Bahia. Foragido desde janeiro do ano passado, ele é apontado como chefe do "Escritório do Crime", milícia suspeita pela morte da vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL) e seu motorista Anderson Gomes, assassinados em março de 2018. Além disso, Adriano também é investigado em outras duas frentes.
A ex-mulher de Adriano, Danielle Mendonça, e a mãe dele, Raimunda Veras Magalhães, foram assessoras de Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente, no Legislativo fluminense. As duas estão entre os investigados pelo Ministério Público no suposto esquema de "rachadinha" (devolução de salários) que teria funcionado no gabinete do parlamentar. Então deputado estadual, hoje senador, Flávio afirmou que o ex-PM foi torturado. A Secretaria de Segurança Pública da Bahia repudiou as acusações.
Em 2005, Adriano, que estava preso e enfrentava um processo por homicídio, foi agraciado com a Medalha Tiradentes, mais alta condecoração da Assembleia Legislativa do Rio, a pedido de Flávio. Bolsonaro chamou o filho para esclarecer essa homenagem. "Isso tem 15 anos", disse Flávio. Ele lembrou que fez questão de pedir para não cremarem o corpo de Adriano (manifestou-se pelo Twitter, quando a Justiça já tinha proibido a cremação), já que "pelo que soube e como mostrou a revista Veja, ele foi torturado."
"Para falar o quê? Com certeza não é pra falar sobre nós, porque não tem o que falar contra nós, não temos envolvimento nenhum com milícia", disse Bolsonaro, bastante exaltado.
O presidente ainda disse que foi ele quem pediu ao filho que homenageasse o ex-oficial do Batalhão de Operações Especiais. "Não tem nenhuma sentença julgada condenando o capitão Adriano por nada, sem querer defendê-lo", prosseguiu Jair Bolsonaro, afirmando que, na época da homenagem, Adriano era um 'herói'.
A ex-mulher e a mãe de Adriano foram nomeadas no gabinete por indicação de Fabrício Queiroz, investigado por supostamente operar o esquema de "rachadinha". Bolsonaro e o filho encerraram a entrevista quando foram perguntados por que as duas foram contratadas. Seguiram para um evento evangélico do pastor RR Soares, na Enseada de Botafogo, zona sul do Rio.
O Escritório do Crime foi investigado nas operações Os Intocáveis e Os Intocáveis II. Explora grilagem, comete extorsões e assassinatos por encomendas. Ronnie Lessa, preso sob acusação de matar a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes, em março de 2018, é ligado a essa milícia.
* Com informações da Agência Estado