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A íntegra do Manifesto por um mundo sem guerras

Segunda, 04 de fevereiro de 2002, 20h51


O 2º Fórum Social Mundial (FSM) termina nesta terça-feira em Porro Alegre com seu grito pela paz no mundo. O tema foi a principal discussão nos cinco dias de conferências, protestos e seminários. Uma assembléia mundial foi instalada para os participantes escolherem novos destinos para o dinheiro, calculado em US$ 800 bilhões, movimentado pela indústria armamentista em conflitos bélicos. O resultado do orçamento participativo do FSM sai nesta terça-feira.

Confira a íntegra do manifesto pela paz:
Um mundo com guerras esse tem sido o mundo nos últimos séculos. Guerras coloniais, guerras imperiais, guerras interimperialistas, guerras étnicas, guerras religiosas – a guerra deixou de ser um meio para se constituir numa forma de ser de vários países, como instrumento de conquista, de fortalecimento de suas economias, de imposição de sua hegemonia imperial.

Um mundo com guerras tem sido o mundo do domínio da busca ilimitada de lucros, da exploração desenfreada dos recursos naturais, da super-exploração dos trabalhadores, do uso da tecnologia para acumular mais riqueza e não para a conquista do bem estar da humanidade.
O fim da “guerra fria” e da bipolaridade entre duas super-potências não significou o advento da paz e da resolução harmoniosa dos conflitos. Ao contrário, representou o recrudescimento das aventuras bélicas, em particular com as guerras do Golfo, da Iugoslávia e do Afeganistão – na realidade massacres de adversários claramente inferiores e principalmente bombardeios de populações civis.

Os atentados terroristas de 11 de setembro tiveram como resposta a instauração do terror como forma de relação entre os países, em substituição do direito internacional, até ali precariamente vigente. Os EUA – protagonistas principais, diretos ou indiretos, de praticamente todos os conflitos bélicos existentes – passaram a impor pela força sua vontade, pelo bombardeio, pelas ameaças, pela assunção do papel de juiz e de polícia do mundo.

Enquanto isso, um clima de nova “guerra fria” foi instalado no mundo. A Palestina é devastada, a Operação Colômbia se aprofunda, as relações entre a Índia e o Paquistão se deterioram, vários governos assumem a postura de militarização dos conflitos – como, entre outros, o mexicano em relação a Chiapas e o espanhol em relação ao Pais Vasco. As Nações Unidas são esvaziadas, as outras potências capitalistas e quase todos os outros governos do mundo delegam nos EUA a função de agentes do terror permanente ou toleram a generalização do arbítrio e da violência, como que a dizer ao mundo que a lei do mais forte se imporá sempre.

O aumento da desigualdade no mundo, a extensão do processo de exclusão social e de miséria funcionam cada vez mais como caldo de cultivo para que conflitos que poderiam ser resolvidos de forma pacífica desemboquem em conflitos violentos, reforçando o clima de guerra que tanto interessa aos que a promovem e lucram com ela.

E no entanto, um mundo sem guerras é possível. Possível e indispensável, se a humanidade quiser ter um futuro.

Um mundo sem guerras é possível, à condição da existência de um organismo internacional com poder e legitimidade para intermediar os conflitos, com justiça e equidade, que represente a vontade majoritária da humanidade de forma democrática. Esse organismo pode ser a ONU, caso seja democratizada, terminando o poder de veto de potencias imperiais que se arvoram o direito de ser membros permanentes do Conselho de Segurança.

Um mundo sem guerras é possível, se se elimina a indústria de armamentos e se seus milionários recursos forem transferidos para atender as necessidades básicas da maioria da humanidade – hoje marginalizada do acesso ao que o mundo têm condições de produzir.

Um mundo sem guerras é possível se forem abolidas as dívidas externas ilegítimas e eliminados os “ paraísos fiscais”, onde são lavados os polpudos lucros da indústria bélica – entre outras fortunas clandestinas – e se destroem as redes de financiamento de grande parte dos conflitos mundiais, abastecidos pelo armamento produzido pelas maiores potências econômicas do mundo, as mesmas que detêm o poder de veto nas Nações Unidas.

Finalmente, um mundo sem guerras é possível, se o mundo é reconstruído sem potências hegemônicas, atendendo à multiplicidade e à diversidade da humanidade, sem predomínio de umas sobre as outras. Um mundo sem guerras será um mundo sem hegemonismos, será um mundo com um poder mundial democratizado, apoiado em processos de integração regional, que expresse os interesses da grande maioria da humanidade.

Um mundo sem guerras é possível e necessário para que os homens e as mulheres vivam em paz, em harmonia, em condições de justiça e de igualdade, para que a humanidade se aproprie do seu destino e construa
um mundo no qual caibam todos os mundos.

Redação Terra

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