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Fóssil descoberto em Israel mostra que Homo sapiens saiu da África antes do que se pensava

Pesquisadores identificam restos mortais dos mais antigos humanos já conhecidos que partiram da África.

25 jan 2018 - 20h41
(atualizado às 21h51)
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Pesquisadores identificaram os restos mortais mais antigos já conhecidos de humanos fora da África.

Novas datações de fósseis de Israel indicam que a nossa espécie (Homo sapiens) viveu fora da África por volta de 185 mil anos atrás - cerca de 80 mil anos mais cedo do que indicado pelas evidências anteriores.

Fragmento de mandíbula encontrado na caverna Misliya tem tamanho compatível com a de humanos modernos | Foto: Israel Hershkovitz, Tel Aviv Uni
Fragmento de mandíbula encontrado na caverna Misliya tem tamanho compatível com a de humanos modernos | Foto: Israel Hershkovitz, Tel Aviv Uni
Foto: BBC News Brasil

Os detalhes foram publicados na revista Science.

Um dos pesquisadores que lideraram a descoberta, Israel Hershkovitz, falou para a BBC que a descoberta traz mudanças fundamentais no que se sabia da evolução humana recente.

"Nós temos que reescrever toda a história da evolução humana, não apenas da nossa própria espécie, mas também de outras espécies que viveram fora da África naquele período histórico", explica o pesquisador, que faz parte da Universidade de Tel Aviv.

"A descoberta modifica o patamar há muito tempo estabelecido de 130 mil anos para a presença de humanos modernos fora da África", afirma Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres, que participou do estudo. "As novas datações apontam que podem ser descobertos Homo sapiens ainda mais antigos no oeste asiático".

A caverna Misliya, em Israel, fica 90 metros acima do nível do mar | Foto: Mina Weinstein-Evron, Haifa Uni
A caverna Misliya, em Israel, fica 90 metros acima do nível do mar | Foto: Mina Weinstein-Evron, Haifa Uni
Foto: BBC News Brasil

As novas evidências científicas levantam a possibilidade de que humanos modernos interagiram com outras espécies de humanos, já extintas, por dezenas de milhares de anos. A hipótese é compatível com recentes descobertas de restos mortais e estudos genéticos que indicam que pode ter ocorrido um êxodo partindo da África mais cedo do que se pensava.

Os pesquisadores analisaram fragmentos de uma mandíbula com oito dentes, encontrada na caverna Misliya, em Israel, em 2002. A mandíbula parecia ter pertencido a um humano moderno, e não a uma das outras espécies humanas.

Mas foi apenas agora que um time de pesquisadores provou que a intuição dos arqueólogos estava correta. A mandíbula de fato pertenceu a um humano moderno. A descoberta foi feita com a ajuda de uma tomografia computadorizada, seguida da construção de um modelo virtual 3D e da comparação com fósseis humanos antigos da África, Europa e Ásia e com restos mortais de humanos modernos.

Também foi descoberto que o tecido abaixo da coroa dentária é o mesmo associado a humanos modernos.

O resultado de três diferentes métodos de datação, conduzidos em três laboratórios diferentes e que não tinham conhecimento do trabalho um do outro, mostra que os restos fossilizados têm entre 177 mil e 194 mil anos.

Antes disso, a evidência mais antiga da presença de humanos fora da África vinha dos sítios arqueológicos de Skhul e Qafzeh, em Israel, datados entre 90 mil e 125 mil anos.

Os pesquisadores encontraram sedimentos de cinzas de fogueiras, montadas repetidamente ao longo da duradoura ocupação da caverna | Foto: Mina Weinstein-Evron, Haifa Uni
Os pesquisadores encontraram sedimentos de cinzas de fogueiras, montadas repetidamente ao longo da duradoura ocupação da caverna | Foto: Mina Weinstein-Evron, Haifa Uni
Foto: BBC News Brasil

Os restos mortais da caverna Misliya foram encontrados em uma camada que continha instrumentos de pedras que pertencem ao tipo "levallois", usados na região entre 250 mil e 140 mil anos atrás. Se as ferramentas "levallois" estão associadas com a dispersão de humanos modernos nessa área, é possível que nossa espécie tenha migrado a partir da África muito mais cedo.

Até recentemente, as evidências de migrações do Homo sapiens para fora da África eram limitadas ao Levante (região no Oriente Médio). Nos últimos anos, entretanto, descobertas de fósseis humanos modernos em Daoxian e Zhirendong, na China, datadas entre 80 mil e 120 mil anos sugerem ondas de migração à Europa e Ásia mais antigas do que antes se pensava.

Além disso, estudos genéticos revelaram sinais de cruzamento entre espécies de humanos africanos e Neandertais, nossos parentes na cadeia evolutiva.

"Nós tínhamos tantas evidências, mas não sabíamos onde elas se encaixavam", diz Hershkovitz. "Agora, com essa nova descoberta, todas as peças levam a um mesmo lugar - um possível êxodo ocorrido cerca de 250 mil anos atrás, que é a data das ferramentas encontradas na caverna Misliya".

Porém, as migrações mais antigas dos Homo sapiens da África para a Eurásia podem ter resultado em extinção. Descobertas feitas por pesquisadores de genética e arqueólogos levam a crer que as pessoas que vivem hoje fora do continente africano têm como ancestrais humanos que participaram de um êxodo ocorrido há 60 mil anos.

A maioria de estudos de DNA não encontrou evidências de migrações mais antigas do que isso nos nossos genes.

Outras descobertas revelaram quando humanos que viviam na África evoluíram até chegar na estrutura anatômica moderna. Ano passado, uma equipe anunciou que fósseis que seriam versões mais antigas de Homo sapiens no Marrocos foram datadas em cerca de 315 mil anos.

É muito anterior à data antes aceita como a origem da nossa espécie - 200 mil anos. E é possível que descobertas futuras possam revelar uma data ainda mais antiga.

Face de adolescente que viveu há 9 mil anos é reconstruída:
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