França quer ser mediadora para solucionar conflito entre Rússia e Ucrânia
País, que ocupa presidência rotativa do Conselho Europeu, ficou irritado com negociações diretas entre EUA e Moscou. Paris combinou cooperação estreita com Washington para negociar solução de tensões russo-ucranianas.Para tentar resolver a crise entre Rússia e Ucrânia, o presidente francês, Emmanuel Macron, e seu homólogo americano, Joe Biden, concordaram, num telefonema nesta quarta-feira (02/02), que querem uma estreita coordenação e contato permanente a fim de "negociar uma abordagem ampla para superar os problemas na região".
A "coordenação permanente" entre os dois países deverá incluir tanto negociações diplomáticas quanto "preparativos para impor sanções econômicas severas à Rússia, se o país invadir a Ucrânia". Os dois presidentes reforçaram seu "apoio à soberania e integridade territorial da Ucrânia".
Nos últimos dias, Macron também falou duas vezes por telefone com o presidente russo, Vladimir Putin. Segundo informações divulgadas pelo Palácio do Eliseu, em Paris, o diálogo de 45 minutos entre Macron e Biden também serviu para preparar conversas do mandatário francês com Putin e com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, previstos para esta quinta-feira.
Por que países ocidentais estão preocupados?
A Rússia estacionou mais de 130 mil soldados na fronteira com a Ucrânia, além de equipamentos pesados e suprimentos, o que suscitou receios de uma invasão iminente.
A Rússia nega qualquer intenção de invadir a Ucrânia, mas emitiu várias exigências contra o que considera ameaças da aliança militar atlântica Otan, integrada por 30 países, incluindo França, Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e Turquia.
Na quarta-feira, Biden determinou o envio de mais militares americanos para países do Leste Europeu.. De acordo com o plano, serão mobilizados cerca de mais 2 mil soldados para Polônia e Alemanha, enquanto mil soldados hoje baseados na Alemanha serão deslocados para a Romênia.
Quais são os esforços diplomáticos em andamento?
Num primeiro momento, a França ficou irritada pelo fato de Putin ter privilegiado negociações diretas com o governo americano no âmbito do conflito entre Rússia e Ucrânia, sem incluir a União Europeia (UE). Nesta quinta-feira, Macron pretende ações com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michels.
"Acho que é o papel da França, especialmente devido ao fato de ocupar a presidência do Conselho Europeu, trabalhar numa solução conjunta", destacou Macro. A França preside o órgão nos seis primeiros meses de 2022.
Além dos telefonemas programados com os mandatários russo e ucraniano, Macron planeja viajar à Rússia em breve - assim como o chanceler federal alemão, Olaf Scholz.
Segundo o Eliseu, Paris ambiciona em breve realizar um encontro do assim chamado "Triângulo de Weimar", com Scholz e o chefe de Estado polonês, Andrzej Duda. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, viajou a Kiev nesta quinta-feira para conversar com Zelensky sobre a crise.
No início da próxima semana, a ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, e seu homólogo francês, Jean-Yves Le Drian, também deverão viajar à Ucrânia. Alemanha e França querem retomar o chamado "formato Normandia" - uma mediação de França e Alemanha para diminuir as tensões entre Rússia e Ucrânia. O próximo encontro no formato Normandia deverá acontecer em Berlim.
Viagem de Bolsonaro a Moscou
Segundo veículos da imprensa brasileira divulgou esta semana, os Estados Unidos tem intercedido junto ao brasileiro para que seja cancelada a viagem do presidente Jair Bolsonaro a Moscou programada para meados de fevereiro.
O jornal O Globo noticiou que representantes da Casa Branca argumentaram que o momento não é adequado para o encontro entre Bolsonaro e o presidente russo, Vladimir Putin, pois poderia ser interpretado como partidarismo na crise Rússia-Ucrânia pelo Brasil.
Uma fonte anônima do governo brasileiro assegurou ao jornal que essa não será a mensagem da visita: "Desejamos o entendimento diplomático entre Rússia e Ucrânia, dois países com os quais temos ótimas relações."
rk/av (AFP, ots)