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Futuro da Petrobras mais integrada passa por investimentos em gás, diz Chambriard

15 dez 2022 - 18h29
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A Petrobras precisa investir mais em gás natural e traçar um caminho para retornar ao seu antigo papel como fornecedora integrada de energia, disse à Reuters uma das cotadas a comandar a petrolífera estatal brasileira.

Magda Chambriard, ex-diretora-geral da reguladora do setor de petróleo ANP, também afirmou que não apoia a reversão da venda de refinarias de petróleo e outros ativos, bem como o uso dos lucros da Petrobras para subsidiar os preços dos combustíveis ao consumidor.

Sua visão ecoa em grande parte a do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que escolherá o próximo CEO da Petrobras.

Lula tem afirmado que a Petrobras deixará de lado as privatizações e investirá na diversificação.

A Petrobras vendeu refinarias de petróleo, uma distribuidora de combustíveis, usinas de energia e gasodutos para pagar dívidas e aumentar o pagamento de seus acionistas. A empresa agora investe um terço do que investia há uma década e está obtendo lucros recordes.

Chambriard disse que não é a favor de anular as vendas de ativos.

"Reverter contratos enviaria um sinal terrível ao mercado", disse ela, durante uma entrevista na quarta-feira, acrescentando que mudanças na estratégia de curto prazo da Petrobras devem ser feitas com cautela.

"Ações abruptas podem levar a resultados indesejados", disse.

Chambriard também comentou sobre o passado traumático do uso do caixa da Petrobras para subsidiar preços de combustíveis no país. Subsídios drenaram 40 bilhões de dólares da Petrobras sob a presidente Dilma Rousseff.

"Não acho que isso aconteceria neste governo", disse Chambriard quando questionada sobre como lidaria com um pedido do presidente para reduzir os preços para os consumidores.

"O Estado brasileiro evoluiu."

Ela também se opõe a ajustes semanais de combustível para evitar repassar a volatilidade dos preços internacionais do petróleo ao consumidor.

Assim como Lula, ela acredita que o caminho para garantir o futuro da Petrobras em um mundo determinado a reduzir as emissões que aquecem o planeta deve passar pelo desenvolvimento de combustíveis menos intensivos em carbono, como o gás natural.

"É um combustível de transição energética que merece mais investimentos", disse Chambriard, delineando uma proposta para construir dutos e trazer gás natural offshore, agora reinjetado em poços de petróleo, para consumo no país.

E OS DIVIDENDOS?

"A Petrobras deu dois passos para trás enquanto todo mundo estava dando um passo à frente" na transição para combustíveis menos poluentes, disse Chambriard.

"Agora ela precisa de uma estratégia de longo prazo. Não pode ir na contramão do resto do mundo."

Consultora da Fundação Getulio Vargas (FGV), Chambriard iniciou seus 40 anos de carreira no setor como engenheira de reservatórios de petróleo na Petrobras em 1980.

Ela enfrenta forte concorrência pelo cargo de CEO do senador Jean Paul Prates (PT-RN), outro membro da equipe de transição de Lula cujas perspectivas receberam um impulso esta semana. A Câmara votou uma legislação que reduz de 36 meses para apenas um mês a quarentena obrigatória para políticos assumirem posições em empresas estatais.

Parte dos dividendos distribuídos pela Petrobras neste ano deveria ser redirecionada para a produção de energia, incluindo a exploração de novos campos de petróleo e gás, disse ela.

"Uma empresa de capital aberto precisa pagar dividendos, mas não a ponto de comprometer sua sobrevivência futura."

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