GCM que acompanhava influenciador de direita saca arma dentro da USP; veja
Guarda civil, que estava de folga, escoltava Lucas Pavanato, suplente de deputado estadual
Um agente da Guarda Civil Metropolitana (GCM) da capital sacou a arma em meio a dezenas de estudantes da Universidade de São Paulo (USP), na Zona Oeste da capital paulista, na quinta-feira, 17. Houve tumulto e dois estudantes ficaram feridos. O caso foi registrado como lesão corporal e ameaça no 93° Distrito Policial.
Segundo o Metrópoles, o GCM foi identificado como Marcelo Ferreira da Silva. O agente, que estava fora do horário de trabalho, pertence aos quadros da Inspetoria da Câmara Municipal de São Paulo, e foi designado para escolta do vereador Fernando Holiday (PL), mas, no momento do tumulto, ele acompanhava Lucas Pavanato, influenciador de direita e suplente de deputado estadual na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
Pavanato foi ao local para gravar um vídeo. Em publicação no Facebook, o influenciador e suplente relatou que foi "agredido na USP". "Hoje fomos gravar um bate-papo de maneira pacífica na porta da USP e tentaram nos agredir de maneira covarde e tivemos que sair com escolta do local", disse na publicação.
Na sequência, ele acusou os estudantes de serem "militantes de esquerda que doutrina e perverte os alunos da universidade".
Nas imagens que circulam nas redes sociais, os alunos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) relatam que o agente ameaçou os estudantes. Também é possível ver o GCM com a arma em punho enquanto os alunos pedem para que eles saiam do campus.
O Terra entrou em contato com Lucas Pavanato, mas não obteve resposta. O espaço segue aberto.
O que diz a SSP
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), os policiais militares foram acionados, por volta das 17h da quinta-feira para uma ocorrência no loca. "Os PMs foram informados que os alunos tentavam retirar os GMCs do campus da universidade, quando houve uma discussão mútua entre eles. No momento da briga, um dos guardas teria sacado uma arma na tentativa de conter os estudantes, porém não chegou a atirar", iniciou a nota.
"Dois jovens, de 18 e 25 anos, ficaram feridos no tumulto. A arma do agente foi apreendida Foram solicitados exames junto ao Instituto Médico Legal (IML). Os laudos estão em elaboração e, assim que finalizados, serão analisados pela autoridade policial", concluiu. O caso foi registrado como lesão corporal e ameaça.
O que diz a USP
O diretor da FFLCH, Paulo Martins, se pronunciou em vídeo publicado nas redes sociais da instituição. "A nossa faculdade foi, em certa medida, ameaçada na sua integridade física, moral, por pessoas que são externas à Universidade de São Paulo. Não é uma boa notícia que nós viemos aqui trazer", iniciou.
"Estaremos sempre preparados a tomar atitudes drásticas, principalmente quando, dentro da nossa faculdade, vêm pessoas que estão armadas. Armadas contra professores, contra jovens estudantes, contra funcionários. Não é admissível que devemos tolerar esse tipo de atitude", disse Martins.
Em nota, a Reitoria da USP repudiou a ação e a descreveu como "inaceitável em qualquer ambiente civilizado. Dentro de uma Universidade, o ato infame se reveste de uma simbologia que atenta contra o espírito essencial da busca do conhecimento e da sabedoria. Esperamos que apurações policiais sejam realizadas para que casos assim não se repitam", diz o comunicado.
Assista ao vídeo da confusão abaixo:
Leia a nota da Reitoria da USP na íntegra:
A Universidade de São Paulo (USP) repudia veementemente a ação de um grupo externo à Universidade que ameaçou, com uma arma, estudantes da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), dentro do campus da USP, em São Paulo. O indivíduo armado foi identificado e encaminhado ao 93º DP pela Polícia Militar, onde a ocorrência foi registrada.
Esse tipo de atitude é inaceitável em qualquer ambiente civilizado. Dentro de uma Universidade, o ato infame se reveste de uma simbologia que atenta contra o espírito essencial da busca do conhecimento e da sabedoria. Esperamos que apurações policiais sejam realizadas para que casos assim não se repitam.