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Gilberto Gil é eleito para ABL: entenda como um imortal é escolhido

O músico ocupará a cadeira 20 da Associação Brasileira de Letras, sucedendo o jornalista Murilo Melo Filho.

11 nov 2021 - 19h48
(atualizado às 20h05)
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Gilberto Gil, 79 anos, se tornou um 'imortal' da Academia Brasileira de Letras (ABL)
Gilberto Gil, 79 anos, se tornou um 'imortal' da Academia Brasileira de Letras (ABL)
Foto: Fernando Frazão /Agência Brasil / BBC News Brasil

O músico Gilberto Gil, de 79 anos, foi eleito na quinta-feira (11/11) para a cadeira 20 da Associação Brasileira de Letras (ABL). Dos 34 acadêmicos que voltaram presencial ou virtualmente, 21 votaram no artista.  

Ele sucederá o ocupante anterior da cadeira, o jornalista Murilo Melo Filho, que morreu em 27 de maio de 2020. Concorriam à vaga também o poeta Salgado Maranhão e o escritor Ricardo Dadt.

"Gilberto Gil traduz o diálogo entre a cultura erudita e a cultura popular. Poeta de um Brasil profundo e cosmopolita. Atento a todos os apelos e demandas de nosso povo. Nós o recebemos com afeto e alegria", declarou em comunicado o presidente da ABL, o acadêmico Marco Lucchesi.

No Twitter, Gil escreveu: "Muito feliz em ser eleito para a cadeira 20 da Academia Brasileira de Letras. Obrigado a todos pela torcida e obrigado aos agora colegas de Academia pela escolha".

Nascido em Salvador, na Bahia, o artista começou a se envolver com a música nos anos 1950. Foi um dos expoentes do movimento cultural Tropicália e se tornou ministro da Cultura em 2003, cargo no qual ficou até 2008.

Na quinta-feira passada (4/11), a atriz Fernanda Montenegro foi eleita para a cadeira 17 da ABL. Nas próximas semanas, até dezembro, haverá mais três eleições.

Disputas acirradas

Acadêmicos da ABL no 118º aniversário da entidade
Acadêmicos da ABL no 118º aniversário da entidade
Foto: Divulgação / BBC News Brasil

A ABL foi fundada em 20 de julho de 1897 e é sediada na cidade do Rio de Janeiro. Quando um de seus membros morre, isto vira notícia não só pela vida e obra do acadêmico, mas também pela abertura de uma cadeira cobiçada por aspirantes a "imortais".

Escrevendo a Lygia Fagundes Telles, Clarice Lispector afirmou que "apesar do grande respeito" pela Academia, "jamais aceitaria entrar nela" por isso.

"A gente dá um espirro, já pensam que estamos morrendo e querem a nossa vaga", diz um trecho transcrito no livro Todas as Cartas (2020).  

Os candidatos devem enviar uma carta, telegrama ou email ao presidente da ABL. Para ser eleito, o postulante deve ter metade dos votos mais um. Se esta quantidade não for atingida, a eleição é encerrada, e inicia-se uma nova fase de inscrições.

Em valores anteriores à pandemia de coronavírus, um acadêmico podia receber até R$ 12 mil, incluindo uma ajuda de custo mensal e plano de saúde.

De acordo com o artigo 2º do estatuto da ABL, "só podem ser membros efetivos da Academia os brasileiros que tenham, em qualquer dos gêneros de literatura, publicado obras de reconhecido mérito ou, fora desses gêneros, livro de valor literário".

Neste quesito, além de sua enorme discografia, Gilberto Gil já foi coautor de alguns livros, como Gilberto bem perto (Nova Fronteira, 2013), com Regina Zappa, e Disposições Amoráveis (Iyá Omin, 2016), com Ana de Oliveira.

Enquanto Gil concorreu com mais dois postulantes, houve eleições mais acirradas — a maior delas foi em 21 de agosto de 2008, com 19 inscritos. Venceu o jornalista Luiz Paulo Horta (1943-2013).

Muitos autores célebres se tornaram "imortais", mas não conseguiram, como Monteiro Lobato, Lima Barreto, Manuel Bandeira e Mário Quintana.

*Com informações de André Bernardo.

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