Globo tem 2 repórteres agredidos no exterior em uma semana
Tiago Eltz é ameaçado na rua, em Nova York, pouco depois de Leonardo Monteiro levar um soco enquanto trabalhava em Roma
A previsível hostilidade contra a imprensa antibolsonarista na campanha de 2022 já começou. Alvo principal dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, a Globo vê suas equipes de reportagem sob risco.
No domingo (7), o correspondente Tiago Eltz foi agredido verbalmente e ameaçado de agressão física ao cobrir a maratona de Nova York. O cidadão que o abordou na rua se identificou como “Carlos Curi”.
“Esse bundão da Globo, essa porcaria... Vou levar seu braço pra minha casa, seu bosta, seu otário”, disse. Enquanto gravava a ação, Eltz questionou o motivo dos xingamentos.
“Eu tô aqui trabalhando”, afirmou o jornalista. “Que trabalhando? Isso é trabalho, rapaz?... Um idiota... Grava mesmo, Carlos Curi, Carlos Curi... Arruma um trabalho direito”, disparou o homem.
Em post em seu perfil no Instagram, Tiago Eltz sugeriu tratamento psiquiátrico ao indivíduo. “Talvez alguém que saiba onde ele trabalha, ou conheça a família, pode encaminhar o vídeo e talvez ele possa receber ajuda. Ajuda, porque é isso que acho que precisa alguém que anda na rua ameaçando arrancar o braço de alguém que ele não conhece.”
A postagem foi curtida por vários jornalistas de TV, como Michelle Barros, Marcio Gomes, Cecília Flesch, Mariana Gross, Fabio Turci, Renata Capucci, Phelipe Siani e André Fran.
Foi o segundo correspondente da Globo e GloboNews a ser hostilizado em público em uma semana. No domingo, 31 de outubro, Leonardo Monteiro, baseado em Lisboa e enviado especial a Roma, levou um soco no estômago de um segurança que fazia a escolta do presidente Jair Bolsonaro.
O Grupo Globo contratou advogados na Itália para acompanhar o caso. Resta saber se a empresa tomará alguma atitude contra o homem que intimidou seu repórter em Nova York.
Os dois episódios antecipam o clima tenso e potencialmente perigoso para jornalistas na cobertura das eleições do ano que vem. Veículos de comunicação vistos como antibolsonaristas estarão na mira de apoiadores radicais do presidente.