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Wilson Witzel quer que turismo seja 'novo petróleo' do Rio

Witzel estabeleceu como meta anual 12 milhões de turistas; o número é o dobro de estrangeiros que vieram ao Brasil em 2017

9 nov 2018 - 19h22
(atualizado às 19h37)
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O governador eleito do Rio, Wilson Witzel (PSC), disse nesta sexta-feira, 9, que quer transformar o turismo no "novo petróleo" do Estado, e que a TurisRio, a empresa pública do setor, seja uma "nova Petrobras". Ele estabeleceu como meta que o número anual de visitantes chegue a R$ 12 milhões - dez vezes maior do que o volume atual de estrangeiros no Rio e quase o dobro dos turistas que chegam ao Brasil inteiro.

"O turismo do Rio é o nosso novo petróleo. É um PIB que cresce 4,5%, 5% no mundo. O desafio que temos é gigantesco. O Rio tem potencial de receber um milhão de turistas por mês. Podemos ter ao longo do ano 12 milhões, o que ainda ficaria muito aquém de cidades como Nova York e Paris, com mais de 20 milhões", disse Witzel, ao anunciar, em entrevista no auditório da Federação do Comércio do Estado (Fecomércio), seu secretário de Turismo: o deputado federal Otávio Guedes (PSDB), que não se reelegeu em outubro.

Foto: Jornal do Brasil

"O Rio não é só Copacabana e carnaval. Muitas cidades têm locais extremamente interessantes. A Turisrio deve ser a nova Petrobras. Vai captar recursos através do mercado de ações, de títulos que possam ser lançados para fomentar a atividade de turismo", afirmou, referindo-se à centralidade da exploração do petróleo para a economia fluminense.

Em 2017, o País recebeu 6,5 milhões de estrangeiros, sendo o Rio o segundo Estado mais procurado, atrás de São Paulo (com 2,1 milhões). O novo governo quer fomentar não só o turismo internacional, mas também o nacional e o que se dá dentro do Estado. Witzel estuda dar incentivos fiscais para companhias aéreas aumentarem seus voos para o Rio.

O novo governo será norteado por "boas práticas da gestão empresarial", com uma área de compliance (que garanta que todas as ações estejam dentro das leis) e a cobrança de metas das secretarias, que serão enxugadas, segundo seu coordenador da transição, o empresário José Luiz Cardoso Zamith.

"A ideia é de implementar na gestão pública boas práticas do mercado privado, da gestão empresarial: uniformizar indicadores de performance e governança e gerar cobrança em todas as pastas com base naquilo que o governador espera e naquilo com que se comprometeu com a população", apresentou Zamith.

Gutemberg de Paula, árbitro de futebol que trabalhou na comunicação digital da campanha, assumirá a secretaria de governo. De acordo com Witzel, de Paula tem relação de proximidade com o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL); a presidência do Procon será assumida pelo advogado Cássio Coelho.

O governador eleito não divulgou ainda os nomes mais aguardados: o do secretário de Fazenda e Planejamento e os dois responsáveis pela área da segurança pública - um da Polícia Civil e outro da Polícia Militar (ele quer extinguir a estrutura da Secretaria de Segurança). O procurador-geral do Estado deve ser divulgado semana que vem. Witzel afirmou que irá requerer o ressarcimento do erário por prejuízos da corrupção. Sobre o Ministério Público, sinalizou simpatia pela permanência do procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, e disse que irá aceitar a lista ou o nome único que lhe for encaminhado.

Operação Furna da Onça

Instado a comentar a devassa na Assembleia Legislativa, com a prisão de dez deputados acusados de corrupção, cinco reeleitos, pela Operação Furna da Onça, da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, na quinta-feira, o governador eleito afirmou que espera que não haja "novos sobressaltos" na casa, para que sejam apreciados pelos parlamentares o orçamento para 2019 e a situação de calamidade financeira do Estado.

Segundo a PF, os parlamentares lotearam o Estado, em especial o Detran, num esquema de propina com o ex-governador Sérgio Cabral (MDB). Um deputado de seu partido, Chiquinho da Mangueira, está entre os presos. Sobre isso, Witzel disse confiar no poder judiciário e que sua postura diante da Alerj é de "neutralidade". Outro deputado preso, André Correa (DEM), era pré-candidato à presidência da Alerj e até então contava com o apoio da base de Witzel como possível nome.

Witzel reafirmou ter "tolerância zero" com corrupção e que em seu governo haverá um setor de "governança corporativa" para que haja o "máximo de transparência". Declarou também que a transição não está sendo afetada pela prisão de Affonso Monnerat, secretário de Governo de Luiz Fernando Pezão (MDB), também capturado na operação da PF de quinta-feira. Monnerat liderava a transição pelo lado do governo atual.

Ao tratar das negociatas no Detran, confirmou que as vistorias veiculares como existem hoje serão extintas. "Vamos passar a fazer na rua. Aleatoriamente, vamos escolher veículos para serem vistoriados, como o poder de polícia permite. A circulação de veículos em má conservação deve ser fiscalizada pelo Estado. Podemos fazer junto com a blitz da Lei Seca. Quando fizer a verificação do teor alcoólico do motorista, verifica a capacidade de rodagem do veículo."

Ex-juiz federal, Witzel fez campanha com discurso de "outsider". Foi a primeira disputa para um cargo eletivo. Depois de vencer, disse que "estava" governador. Ele sempre prometeu um secretariado de "perfil técnico", sem indicações políticas, sustentando que seu "único compromisso" é com o povo do Estado, e não com partidos, e argumentando que escolheria os secretários após análise de currículos e de declarações públicas.

Estadão
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