Governo dos EUA intervém para salvar GM e Chrysler
GM e Chrysler, duas das maiores fabricantes de veículos dos Estados Unidos, declararam concordata em 2009, pressionadas pelo presidente Barack Obama para que se reestruturassem e passassem a operar no longo prazo sem ajuda governamental.
A situação das montadoras já era crítica quando a GM anunciou, em fevereiro, que suas perdas de 2008 totalizaram US$ 30,9 bilhões, devido a uma piora do mercado automobilístico no país.
Após tratativas com o governo americano para o fornecimento de mais ajuda financeira, no final de março, Chrysler e GM receberam um prazo de 30 e 60 dias, respectivamente, para que apresentassem planos de reestruturação viáveis e assim pudessem receber mais ajuda estatal. Até esse ponto, ambas haviam recebido US$ 17,4 bilhões em ajuda do governo americano, que considerava os planos de recuperação apresentados insuficientes.
Para a GM, a pressão governamental resultou na demissão do presidente-executivo Rick Wagoner, que foi substituído por Fritz Henderson, um dia após o estabelecimento do prazo e por pressão direta de Obama. Em dezembro, Henderson também foi dispensado e em seu lugar Ed Whitacre foi indicado até que seja encontrado um sucessor.
Para a Chrysler, foi fornecida a promessa de uma ajuda de US$ 6 bilhões, caso a aliança desta com a Fiat fosse concretizada.
Em 30 de abril, no limite do prazo dado por Obama, a Chrysler fechou uma aliança com o grupo italiano. O anúncio, feito pelo próprio presidente, no entanto, não evitou que a montadora entrasse em concordata, que deu uma participação de 8% ao governo dos EUA na empresa, além de retirar a alemã Daimler e o fundo Cerberus no quadro societário. O processo teve uma batalha judicial, pois foi contestado inicialmente por credores da Chrysler.
Em 27 de maio - três dias antes do vencimento do prazo para o plano de recuperação -, a GM anunciou ao mercado financeiro um fracasso na reestruturação de sua dívida com credores. No dia 1º de junho, a montadora deu entrada em seu pedido de concordata, que resultou em uma participação de 60% do governo americano na empresa (um aporte de US$ 50 bilhões), além de 12% do governo canadense (aporte de US$ 9,5 bilhões).
A Chrysler concluiu seu processo de reestruturação em 10 de junho, quando finalizou sua aliança com a Fiat, que deu a esta última uma participação inicial de 20% na "nova" Chrysler. A montadora italiana não entrou com dinheiro, mas com tecnologia e modelos para suportar uma retomada nas vendas da companhia americana. O principal sindicato do setor nos EUA, o Union Auto Workers (UAW), ficou com 55% da nova empresa, enquanto a antiga terá sua liquidação supervisionada pelo tribunal de falências de Nova York.
No caso da GM, o processo de recuperação judicial durou até 10 de julho e resultou na criação da Motors Company, menor, enquanto a "velha" GM se manteve sob a supervisão do tribunal de concordatas. Na ocasião, a empresa anunciou que teria 35% menos cargos de algo escalão, além de uma diminuição de 20% em seu quadro de funcionários (91 mil para 64 mil). A "nova GM" afirmou ainda estar confiante que vai ser lucrativa e que quer pagar os empréstimos governamentais dentro do prazo, que vence em 2015.