Acusado de participar da morte de Marielle diz que recebeu R$ 1 mil após o crime
Apesar de receber o dinheiro, Elcio Queiroz, negou que o comparsa, Ronie Lessa, estivesse pagando pela participação no crime.
O ex-policial militar Elcio Queiroz, acusado de participar do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), disse em delação premiada à Polícia Federal e ao Ministério Público do Rio que recebeu R$ 1 mil do comparsa Ronie Lessa após o crime, ocorrido em 14 de março de 2018. A informação consta nas 72 páginas da delação entregue à coluna por uma fonte que pediu anonimato.
O pagamento aconteceu horas depois do crime. Segundo o relato, depois da execução foram até a casa da mãe de Lessa no Meier, Zona Norte. Dali, tomaram um táxi e seguiram para ir para um bar na região da Barra da Tijuca. Ao chegar, se encontraram com o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, preso em operação nesta segunda, 24. Sentados e bebendo no bar, o trio acompanhava a cobertura do caso pela imprensa. Eles permaneceram juntos, Maxwell, Ronnie Lessa e Élcio, até às 3h.
Ao sair do bar, Queiroz seguiu Lessa até sua casa. Ali foi feito o pagamento, segundo Queiroz. O ex-PM negou que este valor tenha relação com sua participação no crime. Ele contou que vivia com dificuldades financeiras e eventualmente Lessa lhe emprestava dinheiro.
“Ele [Lessa] pegou e falou – nunca me esqueço disso – “cara, tu tá duro?” Tô... mas qual foi, o que é? Ele falou: “vou te dar isso aqui cara, segura isso aqui...mas não é por causa disso [do crime] não hein...não tem nada a ver com o crime não”; e me deu mil reais”, contou em depoimento no dia 28 de junho.
“Sempre ele me dava um dinheiro; esse dinheiro ele me deu, mas falou que não tinha nada a ver com essa parada; ele falou que jurava, não botei um centavo nisso aí; eu falei não precisa não; aí aquele precisa, não precisa... ele me deu R$ 1 mil reais; mas deixou bem especifico que não foi relacionado a...pô, seria até...mil reais", completou Queiroz.
Com base em novas provas e na delação de Queiroz, a PF realizou a operação Élpis, que prendeu o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel. As investigações apontam que Lessa foi o autor dos disparos que matou Marielle e o motorista Anderson Gomes e Queiroz, o motorista do carro usado no atentado. Essa acusação foi corroborada por Queiroz no depoimento.
A coluna não conseguiu contato com as defesas de Suel, Queiroz e Lessa. Caso queiram se manifestar, o espaço está aberto.