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Guilherme Mazieiro

Articulador político do governo, Padilha foi ignorado por Lula, Lira e Pacheco em sessão da reforma tributária

Clima no Congresso é de insatisfação da atuação do ministro nas pautas do governo e propostas econômicas

21 dez 2023 - 13h23
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Alexandre Padilha em evento do programa Minha Casa Minha Vida em Itaquera, zona leste da cidade de São Paulo.
Alexandre Padilha em evento do programa Minha Casa Minha Vida em Itaquera, zona leste da cidade de São Paulo.
Foto: Taba Benedicto/Estadão / Estadão

O ministro responsável pela articulação política do governo, Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) foi ignorado na sessão do Congresso Nacional que promulgou a proposta de emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária. O ministro participou do ato, nesta quarta, 20, em pé, atrás da Mesa Diretora, e em nenhum momento da reunião de duas horas foi mencionado pelas autoridades presentes, como o presidente Lula (PT), os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Quem foi celebrado foi Fernando Haddad (Fazenda), que recebeu elogios do presidente Lula, Pacheco, Lira, e dos relatores da proposta, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e o senador Eduardo Braga (MDB-AM). É possível identificar as homenagens e citações nas notas taquigráficas da sessão.

O fato de ter passado batido é reflexo da queixa de lideranças políticas sobre a atuação do ministro, que reclamam da dificuldade para cumprimento de acordos políticos e pouca articulação, principalmente para avançar na pauta econômica. Nos principais projetos do governo, como arcabouço fiscal, medidas para melhorar a arrecadação e a reforma tributária, quem esteve à frente das negociações e ajustes de textos foi Haddad.

À coluna foi feita uma comparação do desempenho de Padilha com o do ministro da Casa Civil, Rui Costa, outro posto que costuma ser alvo de reclamações, mas que apesar de ser “difícil de lidar”, cumpre os compromissos assumidos. Ainda que o ministro Padilha esteja neste processo de “fritura” e cheguem sinalizações de descontentamento ao Planalto, não foram feitos pedidos para troca.

Em praticamente todos os governos, o cargo que é exercido atualmente por Padilha costuma ser alvo de reclamações pelas lideranças políticas da Câmara e Senado. Isso porque cabe ao articulador político do Planalto equilibrar os diversos interesses dos grupos políticos, encontrar caminhos para aprovar os projetos do governo e entregar o que foi prometido. Ainda que a liberação de emendas e cargos que são negociados não dependam dele, a cobrança recai sobre o articulador. Mesmo assim, chama atenção o fato de Padilha sequer ter sido citado nos discursos sobre aprovação de uma pauta histórica para o Congresso e o governo.

Estiveram na Mesa da sessão, além de Lula, Lira, Pacheco e Haddad, os relatores da PEC, o proponente Baleia Rossi (MDB-SP), o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB) e a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, única mulher presente.

Fonte: Guilherme Mazieiro Guilherme Mazieiro é repórter e cobre política em Brasília (DF). Já trabalhou nas redações de O Estado de S. Paulo, EPTV/Globo Campinas, UOL e The Intercept Brasil. Formado em jornalismo na Puc-Campinas, com especialização em Gestão Pública e Governo na Unicamp. As opiniões do colunista não representam a visão do Terra. 
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