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Guilherme Mazieiro

Banho a cada 2 semanas, bombardeios e lixo nas ruas: brasileiro fala sobre dia a dia em Gaza

Hasan Rabee, palestino naturalizado brasileiro, conta que cidade de Khan Younis não tem coleta de lixo e está infestada por insetos

6 nov 2023 - 16h35
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Gaza tem sido alvo de ataques de Israel desde 7 de outubro
Gaza tem sido alvo de ataques de Israel desde 7 de outubro
Foto: EPA / Ansa - Brasil

Além dos riscos de bombardeios e ataques de Israel, a falta de saneamento e infraestrutura ameaçam a vida de palestinos. Em relato feito à coluna, o palestino naturalizado brasileiro, Hasan Rabee, que está na cidade de Khan Younis, ao Sul da Faixa de Gaza, contou que não há água para beber e higiene pessoal.

"A gente não tem água para tomar, nem salgada. Banho, uma vez a cada duas semanas. A gente tá podre", relatou. Ele contou que desde a escalda dos conflitos, na primeira semana de outubro, não há coleta de lixo , que se acumula pelas ruas e surgem doenças e insetos.

Os braços da filha de Hasan Rabee, que tem cinco anos, com mordidas de insetos
Os braços da filha de Hasan Rabee, que tem cinco anos, com mordidas de insetos
Foto: Arquivo pessoal/Hasan Rabee

Ele mostrou imagens dos braços e pernas de sua filha de 5 anos com picadas de insetos e manchas vermelhas. Sem acesso à higine pessoal e medicamentos, ele teme a contaminação de doenças provocadas pelo lixo e trazidas por insetos.

"Muito triste, não dá para fazer nada. Ninguém está dormindo", relatou sobre os insetos.

Ele contou que um tanque de 500 litros de água salgada custa até R$ 400 e que mesmo a este preço é difícil encontrar para comprar. O fornecimento de energia oscila, assim como o sinal de internet, relatou.

Lixo acumulado nas ruas de Khan Younis, em Gaza, em vídeo do dia 19 de outubro
Lixo acumulado nas ruas de Khan Younis, em Gaza, em vídeo do dia 19 de outubro
Foto: Reprodução/Hasan Rabee

Nesta segunda-feira, 6, ele afirmou que há dificuldade para encontrar ingridientes básicos para fazerem pães. "O saco de farinha estava R$ 40, hoje está a R$ 150, R$ 200, R$ 300 e a gente não acha. Muito complicado, cada dia é pior que o outro. Não temos água encanada, nem água mineral. O mais difícil é encontrar alimentação. Além do bombardeio [tem] o sofrimento da comida", disse. 

Rabee é um dos 34 brasileiros que estão em Gaza e aguardam liberação para deixarem Gaza e retornarem ao Brasil. Ele tem relato ao Terra dificuldades, bombardeios e o terror de esperar a permissão para deixar a zona de conflitos.

O conflito se intensificou no dia 7 de outubro, quando um ataque do Hamas - grupo que controla a Faixa de Gaza - matou cerca de 1 mil israelenses e sequestrou centenas de pessoas. Desde então, Israel bloqueou a entrada e saída de pessoas, alimentos e combustível em Gaza e realiza bombardeios e incursões por terra no local. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, o número de palestinos mortos chega a 10 mil, sendo 4 mil crianças.

A fronteira tem sido aberta eventualmente desde o dia 1º de novembro, no entanto, nas listas com permissões para saída do local, não houve permissão para brasileiros. O governo Lula (PT), que resgatou 1.445 passageiros em Israel e na Cisjordânia, informa que a diplomacia brasileira trabalha para retirar os brasileiros de Gaza.

Fonte: Guilherme Mazieiro Guilherme Mazieiro é repórter e cobre política em Brasília (DF). Já trabalhou nas redações de O Estado de S. Paulo, EPTV/Globo Campinas, UOL e The Intercept Brasil. Formado em jornalismo na Puc-Campinas, com especialização em Gestão Pública e Governo na Unicamp. As opiniões do colunista não representam a visão do Terra. 
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