“Bom dia, meu líder”; Jordy orientava e ordenava movimentações antidemocráticas, diz PGR
Deputado aliado de Bolsonaro foi alvo de operação da PF nesta quinta, 18
A operação que desencadeou mandados de busca e apreensão contra o deputado Carlos Jordy (PL-RJ), aliado da família Bolsonaro, se baseou em indícios de que o parlamentar orientava e ordenava movimentações antidemocráticas. É isso o que sustenta a Procuradoria-Geral da República no pedido feito ao Supremo Tribunal Federal (STF). A coluna obteve cópia do documento.
O parlamentar Jordy foi alvo de buscas em sua casa e seu gabinete em Brasília. Ele não foi alvo de prisão e foi à Polícia Federal no Rio de Janeiro prestar depoimento no final da manhã desta quinta, 18. O político nega que tenha praticado qualquer crime.
Segundo a investigação, Jordy tem “fortes ligações” com Carlos Victor de Carvalho, apontado pela Polícia Federal como uma liderança da extrema-direita em Campos dos Goytacazes (RJ), administrando 15 grupos de WhatsApp cujas “temáticas são de extrema direita”. No pedido, PGR sustenta que Carvalho “foi organizador dos eventos nos arredores do Batalhão do Exército na cidade [Campos dos Goytacazes] e possui fortes ligações com autoridades políticas”.
Um dos indícios do comando de Jordy, segundo as investigações, está numa mensagem trocada com Carlos Victor em 1º de dezembro de 2022. À época, o país enfrentava bloqueios em rodovias promovidos por grupos bolsonaristas pedindo golpe militar e acampamentos à beira de quartéis das Forças Armadas.
Carlos Victor de Carvalho: Bom dia meu líder. Qual direcionamento você pode me dar? Tem poder de parar tudo.
Carlos Jordy: Fala irmão, beleza? Está podendo falar aí?
Carlos Victor de Carvalho: Posso irmão. Quando quiser pode me ligar.
Segudo as investigações, Carlos Victor "possui fortes ligações com o Deputado Federal CARLOS JORDY, que transpassa o vínculo político, vindo denotar-se que o parlamentar além de orientar tinha o poder de ordenar as movimentações antidemocráticas,seja pelas redes sociais ou agitando a militância da região".
“O que esta autoridade policial julga mais grave, é que o vínculo entre o parlamentar [Jordy] e o apoiador [Carlos Victor de Carvalho] não seja apenas para fins políticos partidários, mas também com a intenção de ordenar a prática de crimes contra o Estado de Direito”, sustenta a PF no documento.
Segundo a PGR, Jordy e Carvalho se falaram ao telefone no dia 17 de janeiro de 2023, uma semana após os ataques golpistas, quando Carlos Victor Carvalho era considerado “foragido”.
A coluna não conseguiu contato com a defesa de Carvalho. O espaço está aberto para manifestação.