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Guilherme Mazieiro

Argentina recua e entra na Aliança Global de Combate à Fome; veja lista de participantes

Medida é considerada pelo governo Lula (PT) um dos principais frutos da presidência do G20

18 nov 2024 - 10h59
(atualizado em 19/11/2024 às 09h58)
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Integrantes da banda se levantam no dia da cúpula do G20 no Rio de Janeiro, Brasil, 18 de novembro de 2024.
Integrantes da banda se levantam no dia da cúpula do G20 no Rio de Janeiro, Brasil, 18 de novembro de 2024.
Foto: REUTERS/Pilar Olivares

O Brasil lançou oficialmente nesta segunda-feira, 18, a Aliança Global de Combate à Fome, que conta com a adesão de 82 países. Ao todo, a iniciativa reúne o apoio de 148 membros fundadores. Inicialmente, a Argentina, liderada pelo presidente Javier Milei, havia optado por não aderir, mas recuou e decidiu integrar a aliança. (Confira a lista completa abaixo)

A medida é considerada pelo governo Lula (PT) um dos principais frutos da presidência do G20. A iniciativa foi conduzida pela presidência brasileira do bloco ao longo do último ano e busca erradicar a fome e a pobreza, reduzir desigualdades e contribuir para parcerias globais revitalizadas para o desenvolvimento sustentável. O anúncio aconteceu na abertura da Cúpula do G20, na manhã desta segunda, no Rio de Janeiro, com a presença de todos os integrantes do bloco econômico.

O presidente da Argentina, desde que tomou posse, em dezembro do ano passado, se opôs a Lula em questões internacionais e fez ataques ao presidente brasileiro. Nas negociações que acontecem para a declaração final do G20, a Argentina cria impasses e dificulta um texto comum em questões como a taxação de super-ricos.

Em julho, Milei esteve no Brasil para um evento com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sem contatar o presidente petista. A postura causou incômodo no Itamaraty.

Ainda que mantenha uma postura com viés ideológico avessa a organismos internacionais, semelhante à postura da extrema direita no Brasil, o governo Milei pediu que o Brasil assumisse o prédio e as representações diplomáticas do país na Venezuela, após tensões com o regime de Nicolás Maduro.

A Aliança contra Fome

A Aliança tem 148 membros fundadores, incluindo 82 países, a União Africana, a União Europeia, 24 organizações internacionais, 9 instituições financeiras internacionais e 31 organizações filantrópicas e não governamentais.

Os signatários pretendem alcançar 500 milhões de pessoas com programas de transferência de renda em países de baixa e média-baixa renda até 2030, expandir as refeições escolares de alta qualidade para mais 150 milhões de crianças em países com pobreza infantil e fome endêmicas, e arrecadar bilhões em crédito e doações por meio de bancos multilaterais de desenvolvimento para implementar esses e outros programas.

Na última sexta-feira, 15, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, já tinha antecipado o apoio de 41 países à Aliança. Durante a programação do G20 Social, ele destacou o compromisso e estipulou um prazo de 6 anos para a proposta.

“Com as adesões e colaborações de diversos países e organizações, vamos retirar 500 milhões de pessoas do mapa da fome e da pobreza por meio de ações como transferências de renda, programas de sistemas de proteção social em países de rendas baixas e média baixa até 2030”, explicou.

Na ocasião, Wellington Dias também fez questão de ressaltar que o compromisso seria diferente do modelo tradicional de combate à fome, unindo frentes políticas.

“Não se trata só de levar comida. Claro que é necessário trabalhar com o combate à fome e à pobreza, mas é a partir disso que surgem políticas, como as que estão nos termos da Aliança, que visam reunir essa base de dados em cada país e integrar essa população com acesso à saúde, educação, água, qualificação e emprego”, argumentou.

O ministro ainda estimou um número alto para iniciativas de inclusão. “A Aliança também tem como meta promover a inclusão socioeconômica de mais de 100 milhões de pessoas, com foco em mulheres, por meio do empreendedorismo e do acesso a crédito adequado”, revelou.

Quem endossou as falas de Dias foi o presidente Lula, durante seu discurso no Festival Aliança Global contra a Fome e a Pobreza no sábado, 16.

Ao lado de Gilberto Gil, o petista reafirmou que a questão não é puramente social, mas política: "É fruto da irresponsabilidade dos governantes do planeta. É preciso coragem, sensibilidade e, sobretudo, humanismo para mudar essa realidade. Não podemos permitir que uma criança morra de desnutrição".

Membros fundadores da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza

Países Membros e Entidades Regionais:

  1. Alemanha
  2. Angola
  3. Antígua e Barbuda
  4. África do Sul
  5. Arábia Saudita
  6. Argentina
  7. Armênia
  8. Austrália
  9. Bangladesh
  10. Benin
  11. Bolívia
  12. Brasil
  13. Burkina Faso
  14. Burundi
  15. Camboja
  16. Chade
  17. Canadá
  18. Chile
  19. China
  20. Chipre
  21. Colômbia
  22. Dinamarca
  23. Egito
  24. Emirados Árabes Unidos
  25. Eslováquia
  26. Estados Unidos
  27. Espanha
  28. Etiópia
  29. Federação Russa
  30. Filipinas
  31. Finlândia
  32. França
  33. Guatemala
  34. Guiné
  35. Guiné-Bissau
  36. Guiné Equatorial
  37. Haiti
  38. Honduras
  39. Índia
  40. Indonésia
  41. Irlanda
  42. Itália
  43. Japão
  44. Jordânia
  45. Líbano
  46. Libéria
  47. Malta
  48. Malásia
  49. Mauritânia
  50. México
  51. Moçambique
  52. Myanmar
  53. Nigéria
  54. Noruega
  55. Países Baixos
  56. Palestina
  57. Paraguai
  58. Peru
  59. Polônia
  60. Portugal
  61. Quênia
  62. Reino Unido
  63. República da Coreia
  64. República Dominicana
  65. Ruanda
  66. São Tomé e Príncipe
  67. São Vicente e Granadinas
  68. Serra Leoa
  69. Singapura
  70. Somália
  71. Sudão
  72. Suíça
  73. Tadjiquistão
  74. Tanzânia
  75. Timor-Leste
  76. Togo
  77. Tunísia
  78. Turquia
  79. Ucrânia
  80. Uruguai
  81. Vietnã
  82. Zâmbia
  83. União Africana
  84. União Europeia

Organizações Internacionais:

1. Agência de Desenvolvimento da União Africana – Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (AUDA-NEPAD)

2. CGIAR

3. Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL)

4. Comissão Econômica e Social para Ásia Ocidental (CESAO)

5. Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

6. Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD)

7. Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF)

8. Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA)

9. Instituto de Pesquisa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Social (UNRISD)

10. Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA)

11. Liga dos Estados Árabes (LEA)

12. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)

13. Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO)

14. Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)

15. Organização dos Estados Americanos (OEA)

16. Organização Internacional do Trabalho (OIT)

17. Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)

18. Organização Mundial do Comércio (OMC)

19. Organizacão Mundial da Saúde (OMS)

20. Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS)

21. Programa Mundial de Alimentos (WFP)

22. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)

23. Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat)

24. Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)

Instituições Financeiras Internacionais:

1. Banco Asiático de Desenvolvimento (ADB)

2. Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB)

3. Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF)

4. Banco Europeu de Investimento (BEI)

5. Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)

6. Grupo Banco Mundial

7. Grupo Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB)

8. Novo Banco de Desenvolvimento (NBD)

9. Programa Global de Agricultura e Segurança Alimentar (GAFSP)

Fundações Filantrópicas e Organizações Não Governamentais:

1. Abdul Latif Jameel Poverty Action Lab (J-PAL)

2. Articulação Semiárido Brasileiro (ASA)

3. Fundação Bill & Melinda Gates

4. BRAC

5. Children's Investment Fund Foundation

6. Child's Cultural Rights & Advocacy Trust Agency

7. Citizen Action

8. Education Cannot Wait

9. Food for Education

10. Instituto Comida do Amanhã

11. Fundação Getúlio Vargas (FGV)

12. GiveDirectly

13. Global Partnership for Education

14. Instituto Ibirapitanga

15. Instituto Clima e Sociedade (iCS)

16. Câmara de Comércio Internacional

17. Leadership Collaborative to End Ultrapoverty

18. Maple Leaf Early Years Foundation

19. Fundação Maria Cecília Souto Vidigal

20. Oxford Poverty and Human Development Initiative (OPHI)

21. Pacto Contra a Fome

22. Fundação Rockefeller

23. Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI)

24. SUN Movement

25. Sustainable Financing Initiative

26. Their World

27. Trickle Up

28. Village Enterprise

29. World Rural Forum

30. World Vision International

31. Instituto Fome  Zero

Fonte: Guilherme Mazieiro Guilherme Mazieiro é repórter e cobre política em Brasília (DF). Já trabalhou nas redações de O Estado de S. Paulo, EPTV/Globo Campinas, UOL e The Intercept Brasil. Formado em jornalismo na Puc-Campinas, com especialização em Gestão Pública e Governo na Unicamp. As opiniões do colunista não representam a visão do Terra. 
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