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Guilherme Mazieiro

Brasileiro reclama de fronteira fechada em Gaza: “Por que não colocam nossos nomes na lista?”

Grupo de 34 brasileiros tinha sido avisado que iriam para o Egito nesta quinta-feira

9 nov 2023 - 08h22
(atualizado às 10h17)
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Brasileiro desabafa sobre não ter autorização para deixar Gaza: 'Só aliados de Israel estão saindo':

O fechamento da fronteira da Faixa de Gaza com o Egito para saída de civis frustrou, mais uma vez, a expectativa de 34 brasileiros deixarem a zona de conflito. O grupo recebeu uma mensagem da Embaixada do Brasil na Palestina avisando que a saída que estava programada para quarta-feira, 8, tinha sido adiada para esta quinta-feira, 9. No entanto, a saída de estrangeiros não foi autorizada e não há previsão para saída. Procurado pela coluna nesta quarta, o Itamaraty não confirmou a mensagem.

A passagem de Rafah foi fechada na quarta, após ataque israelense a ambulâncias no norte de Gaza e em meio a troca de acusações sobre quebra de acordo para evacuação de civis. A fronteira foi reaberta, mas não há listas ou previsão para saída de pessoas.

Palestinos com dupla cidadania esperam permissão para deixar Gaza, em meio ao conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas, na fronteira Rafah, ao sul da Faixa de Gaza, 2 de novembro de 2023
Palestinos com dupla cidadania esperam permissão para deixar Gaza, em meio ao conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas, na fronteira Rafah, ao sul da Faixa de Gaza, 2 de novembro de 2023
Foto: REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa

Com autorizações esporádicas, foram feitas seis listas com nomes de estrangeiros para deixarem a área. Em nenhuma delas havia brasileiros. O Itamaraty tenta avançar nas negociações, as listas são feitas a partir de negociações entre Israel, Egito, Estados Unidos e Catar.

Em vídeo enviado à coluna nesta quinta, o palestino naturalizado brasileiro Hasan Rabee rebateu as falas do embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, que disse que as listas com permissão para saída de estrangeiros são feitas pelo Egito.

“Como não tem nada a ver [com o atraso da saída de brasileiro]? Vocês que fazem e publicam essas listas. Só aliados de Israel estão saindo. Não sei qual mentira é essa? Coloquem nossos nomes depois a gente sai, por que não estão colocando nossos nomes nessa lista? Isso é um absurdo, somos reféns de Israel”, disse.

Brasileiro Hasan Rabee sem perspectiva de deixar Gaza, em vídeo desta quinta, 9 de novembro.
Brasileiro Hasan Rabee sem perspectiva de deixar Gaza, em vídeo desta quinta, 9 de novembro.
Foto: Hasan Rabee/Arquivo Pessoal

Em um vídeo divulgado pela Embaixada de Israel no Brasil, o embaixador Daniel Zonshine afirmou que seu país não tem interesse em atrasar a saída de brasileiros ou estrangeiros de qualquer nacionalidade. “A cota para sair da Faixa de Gaza é determinada pelo Egito e, de acordo com ela, algumas centenas de estrangeiros recebem permissão para sair a cada dia", afirmou.

Desde o início do conflito, em 7 de outubro, quando o Hamas - grupo que controla a Faixa de Gaza - matou cerca de 1 mil pessoas em Israel e capturou outras 200 como reféns em Israel, a região sofre uma resposta militar intensa. A estimativa do Ministério da Saúde da Faixa de Gaza é de que 10 mil pessoas morreram, das quais 4 mil crianças.

“Além dessas bombas, explosões, muita gente que morreu - mais de 10 mil pessoas, sendo 4 mil crianças - existe outra guerra: a guerra da fome, da água, gás, combustível. Remédio a gente não encontra mais. Você entra no supermercado e não encontra nada”, disse Rabee.

“Não sei o que tem que falar, a gente está bem cansado. A previsão era para sair hoje para o Egito, mas não aconteceu”, prosseguiu. 

No vídeo enviado nesta quinta, Rabee mostra a mãe fazendo pães em um forno artesanal no chão. Com o cerco promovido por Israel, palestinos tem pouco acesso a água, alimentos, energia, internet e atendimento médico. 

Em entrevista à coluna, a presidente do conselho de Médicos Sem Fronteiras-Brasil, Renata Santos, relatou que sem medicamentos, as operações de amputação são feitas sem anestesia e sem estrutura hospitalar.

Fonte: Guilherme Mazieiro Guilherme Mazieiro é repórter e cobre política em Brasília (DF). Já trabalhou nas redações de O Estado de S. Paulo, EPTV/Globo Campinas, UOL e The Intercept Brasil. Formado em jornalismo na Puc-Campinas, com especialização em Gestão Pública e Governo na Unicamp. As opiniões do colunista não representam a visão do Terra. 
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