Com aumento de atritos Lira x Planalto, Alckmin diz que governo Lula é do “diálogo”
Governo tenta esfriar os ânimos com presidente da Câmara; relação se desgastou desde a votação que manteve Chiquinho Brazão preso
Em meio ao aumento das tensões entre o governo Lula (PT) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), disse nesta quarta, 17, que o governo é do “diálogo”. Desde a semana passada, o presidente da Câmara e o Planalto protagonizam embates que desgastam a relação política entre ambos.
“O governo do presidente Lula é o governo do diálogo. Do diálogo. Aliás, quero celebrar o bom trabalho conjunto que foi a reforma tributária. Ninguém imaginava, num primeiro ano de governo, aprovar uma reforma do significado que tem para economia brasileira, e portanto social. Fruto do diálogo, ninguém precisa pensar igual, mas é importante trabalhar junto pelo Brasil”, disse Alckmin.
“Ninguém precisa pensar igual, mas é importante pensar pelo Brasil”, prosseguiu.
O vice-presidente Alckmin está na função de presidente em exercício em razão da viagem de Lula à Colômbia. As declarações foram feitas a jornalistas após evento que celebrou os 50 anos da relação Brasil-China.
“Aprendi com Montesquieu [filósofo francês do Século XVIII] a tripartição clássica dos poderes, que devem ser independentes, mas harmônicos. O Judiciário tem sua tarefa como guardião da Constituição e por consequência da democracia; o Legislativo tem o papel extremamente importante na definição das leis e prioridades do país; e o Executivo é o executor das tarefas em nível federal”, disse.
Atritos Lira x Planalto
Desde quinta-feira passada, 11, a relação política entre o presidente da Câmara e o Planalto está mais tensionada. O embate veio a público quando Lira disse que o articulador político de Lula, ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais), era incompetente e um desafeto pessoal.
Padilha respondeu publicamente tentando baixar o tom, dizendo que “quando um não quer, dois não brigam”. Ainda que Padilha e Lira não tenham mais se posicionado abertamente, o embate segue gerando atritos.
Nesta semana, o governo demitiu um primo de Lira que ocupava a chefia do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Alagoas. Em reação, Lira disse a líderes partidários que vai abrir espaço para atuação da oposição em medidas que podem desgastar o governo, como Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs).
Pelo Senado, um dos vice-líderes do governo, Jorge Kajuru (PSB-GO), mandou um recado da tribuna a Lira, dizendo que tem “nojo” de ver o deputado e que ele se vale da presidência da Câmara para fazer o presidente Lula de refém.