Depoimento de hacker dá força para CPMI investigar militares de alta patente
A relatora da CPMI do 8 de janeiro, Eliziane Gama (PSD-MA), publicou em seu perfil no Twitter que o grupo não poupará ninguém
As declarações do hacker Walter Delgatti sobre a participação de militares em tramas para fraudar urnas mudaram o ambiente político da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos do dia 8/1. Após as afirmações de que atuou junto ao Ministério da Defesa para fraudar as urnas a pedido de Jair Bolsonaro (PL), há possibilidade da investigação avançar sobre os comandantes das Forças Armadas.
Até aqui, ainda que existam indícios de que o comando das Forças esteve diretamente vinculada à falta de segurança no dia 8/1, a CPMI evitou convocar e investigar membros do alto escalão das Forças Armadas. O entendimento era de que militares que participaram de atos golpistas agiram de maneira isolada, sem direcionamento dos comandantes. Membros da base governista, que são maioria da CPMI, contaram à coluna que, com as falas de hoje, militares devem ser convocados para prestar esclarecimentos.
A relatora, Eliziane Gama (PSD-MA), publicou no seu Twitter que o grupo não poupará “ninguém, inclusive, aqueles que se enconderam na farda para cometer atos golpistas. De recruta a general, ninguém será poupado”.
Investigaremos na CPMi e não pouparemos ninguém, inclusive, aqueles que se enconderam na farda para cometer atos golpistas. De recruta a general, ninguém será poupado.
— Eliziane Gama (@elizianegama) August 17, 2023
Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), as falas deram força para avançar nas investigações sobre os antigos comandantes das Forças Armadas, da gestão Bolsonaro. O senador Veneziano Vital do Rego (MDB-PB) considerou “extremamente comprometedor” o depoimento.
Já o deputado Rogério Correia (PT-MG) disse que “as falas do Delgatti nos direcionam para a cúpula militar contaminada por Bolsonaro e suas conspirações golpistas pelo poder”.
Mais cedo, Delgatti disse que que fez cinco reuniões com as equipes do Ministério da Defesa para discutir o relatório, nas quais técnicos de tecnologia da informação da pasta usavam nomes falsos como “carro” e “ônibus” durante as conversas.
“A ideia do ministro [general do Exército Paulo Sérgio Nogueira] era que eu mostrasse que não é segura, que é vulnerável a urna. O relatório foi feito nesse sentido, de não comprovar a lisura. [Comprovar] a fragilidade”, disse Delgatti.