Falta de acordo na fronteira com Gaza impede saída de brasileiros e entrada de ajuda humanitária
Segundo o Itamaraty é necessária a abertura da fronteira para retirar cerca de 30 brasileiros e enviar medicamentos; mortos chegam a 4mil
A dificuldade de se chegar a um acordo para abertura da fronteira da Faixa de Gaza, impede o envio da ajuda humanitária oferecida pelo governo Lula (PT) e a retirada dos cerca de 30 brasileiros que tentam deixar a região para serem repatriados. O conflito mais intenso dos últimos 70 anos na região entrou na segunda semana somando cerca de 4 mil mortos e 10 mil feridos, entre os quais civis.
Segundo o Itamaraty informou é necessária a abertura da fronteira para retirada dos brasileiros e envio de kits de medicamentos e primeiros-socorros como ajuda humanitária. Enquanto diplomatas negociam uma saída com Israel e países da região, os brasileiros se abrigam nas localidades de Khan Younis e Rafah, próximas ao Egito.
Uma aeronave da Presidência foi deslocada para Roma, onde aguarda autorização para seguir ao Egito e repatriar os brasileiros que estão em Gaza.
Havia expectativa de que a fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito pudesse ser aberta nesta segunda, o que não aconteceu. Por volta das 12h30 do horário do Brasil já caía a noite em Israel, sem previsão de quando a passagem será liberada.
O Brasil, que atualmente exerce a presidência do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), tenta aprovar uma proposta de cessar-fogo humanitário e a liberação de reféns que estão com o Hamas. A votação será em Nova York, às 19h (do horário brasileiro) desta segunda. A análise é considerada um teste para os diplomatas e as grandes potências.
Em Gaza, centenas de milhares de pessoas se deslocaram à região da fronteira na expectativa de atravessarem para o Egito, após Israel emitir uma ordem de evacuação e sob o temor de invasão terrestre. A Faixa de Gaza abriga cerca de 2 milhões de palestinos. O cerco promovido por Israel agravou a situação humanitária naquela localidade.
Depois do ataque de integrantes do Hamas (grupo islâmico que controla a Faixa de Gaza), Israel desencadeou uma contraofensiva sem precedentes, com milhares de bombardeios diários e bloqueio no fornecimento de energia, alimento e combustível.
Desde o início dos ataques do Hamas a Israel, no dia 7 de outubro, o governo e a diplomacia brasileira organizaram a operação de repatriação de brasileiros na região. Até esta segunda-feira, 16, segundo o Itamaraty, 916 pessoas e 24 animais domésticos retornaram ao Brasil. Há um voo da Força Aérea Brasileira, que partirá de Tel Aviv na quarta-feira, 18, cuja previsão é trazer cerca de 200 pessoas.
Diplomacia
No sábado, 14, o presidente Lula conversou por telefone com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, e também com o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, para pedir apoio à retirada dos brasileiros que estão na Faixa de Gaza.
Ao representante palestino, Lula “expressou preocupação com os civis na região e o bloqueio de ajuda humanitária” e “condenou os ataques terroristas contra civis em Israel, reforçou a importância de um corredor humanitário e da libertação imediata de todos os reféns”.
A Autoridade Palestina é o órgão que tem autonomia sobre a Cisjordânia, já Gaza é controlada pelo Hamas.
Segundo informações divulgadas pelo Palácio do Planalto, na conversa com o presidente egípicio, ambos concordaram com a urgência em se permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza.