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Guilherme Mazieiro

“Filhote de Bolsonaro”, Jordy é quase um membro da família Bolsonaro

Veja a relação política de Carlos Jordy, alvo de operação da Polícia Federal, e o clã Bolsonaro

18 jan 2024 - 11h01
(atualizado às 11h11)
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Jair, Flávio e Eduardo Bolsonaro acompanhados de Carlos Jordy em 2017
Jair, Flávio e Eduardo Bolsonaro acompanhados de Carlos Jordy em 2017
Foto: Reprodução/Facebook Carlos Jordy

Alvo da operação da Polícia Federal que investiga os ataques golpistas de 8/1, Carlos Jordy (PL-RJ) é aliado antigo do clã Bolsonaro e líder da oposição ao governo Lula (PT). Entusiasta de todas as bandeiras e falas da família, a relação política com o grupo vem desde 2016, quando se elegeu vereador em Niterói. Uma de suas propostas era dar o título de cidadão niteroiense a Jair Bolsonaro.

Desde os tempos de vereança tinha apoio político de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para atacar o que chamava de “politicamente correto”, que na verdade são bandeiras defendidas por grupos e minorias de esquerda. Naquele momento, quando se levantava a onda bolsonarista, Jordy fazia eventos, palestras e debates para discutir temas sob a ótica bolsonarista junto com Eduardo.

Com uma fidelidade canina, ele se autodefinia como “filhote de Bolsonaro”. Era o ensejo para lançar a candidatura a deputado federal, que aconteceu em 2018 fazendo “arminha com a mão” junto com Flávio Bolsonaro (PL-RJ), um dos símbolos da extrema-direita naquela disputa. O apoio de Jair e Flávio foi declarado - e gravado - nas peças eleitorais do candidato. Com a quarta maior votação no estado, Jordy chegou à Câmara onde virou um braço direito de Eduardo e uma das caras da base de apoio “raiz”.

No primeiro mandato, em 2019 era comum encontrar Jordy - muitas vezes vestindo uma camiseta exaltando Carlos Brilhante Ustra, um torturador da Ditadura Militar - junto de Eduardo. A reverência a Bolsonaro chegou ao ponto dele propor um feriado nacional para o dia 6 de setembro, data do atentado a facada que Bolsonaro sofreu na corrida presidencial. O projeto não avançou.

No segundo semestre daquele ano, quando o então partido bolsonarista PSL vivia em clima de guerra interna, Jordy saiu em defesa de Eduardo para que ele assumisse a liderança do bloco. Em razão disso, foi punido e suspenso de atividades partidárias. 

Com as brigas internas na sigla, Jair Bolsonaro tentou lançar o partido Aliança Pelo Brasil. Jordy foi um dos entusiastas da proposta falida em busca de apoio e assinaturas. Ele seguiu os passos do clã na pandemia, negando a vacina e defendendo uso de medicamentos ineficazes como cloroquina.

Durante a gestão do capitão, Jordy acompanhou a comitiva presidencial em viagens e agendas pelo Rio de Janeiro. Uma rusga surgiu em janeiro de 2022, quando cobrou pelas redes sociais mais apoio de Jair Bolsonaro aos apoiadores que se candidatariam. A postagem teve reação de Carlos Bolsonaro. Dias depois, se ajustaram e o deputado disse que o episódio era “página virada”.

Jordy esteve também no lançamento da campanha de Bolsonaro, em julho de 2022, na cidade de Juiz de Fora (MG), no mesmo local da facada de 2018. Ele e Daniel Silveira (ex-deputado que foi preso por decisão do STF) foram um dos poucos políticos que estiveram no ato esvaziado que Bolsonaro fez. 

Já com a derrota de Jair Bolsonaro, e sua reeleição, Jordy trabalhou contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da transição, que reorganizava o Orçamento para o primeiro ano da gestão Lula. Ele também disparava ataques ao ministro do STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes.

“Que eu saiba, nós ainda podemos questionar as eleições. Podem-se questionar, sim, as urnas; podem-se questionar as eleições; pode-se questionar o processo eleitoral. Não se pode fazer isso na Venezuela, na Coreia do Norte, em Cuba. Que eu saiba estamos no Brasil. Aliás, já estamos no "Xandaquistão". Sim, nós vivemos hoje num Estado de exceção, numa ditadura. Alexandre de Moraes vem repetidamente violando vários dispositivos constitucionais”, disse em sessão na Câmara, em 9 de novembro de 2022, conforme registram as notas taquigráficas.

Sobre os ataques do dia 8/1, tentou emplacar uma versão fantasiosa de que as ações de depredação eram promovidas por infiltrados da esquerda. E foi um dos apoiadores da CPI para investigar os atos, cuja tese falida da extrema-direita é de que foi um evento permitido pelo governo Lula. A investigação parlamentar foi criada com maioria governista, sem participação de Jordy. 

Na manhã desta quinta, 18, Flávio repostou o vídeo de Jordy se defendendo da operação e negando qualquer crime. Carlos Bolsonaro seguiu o movimento pela defesa do amigo e escreveu na rede X (antigo Twitter): “Ouvi o exposto pelo deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ). Seguindo sua linha de exposição mais uma vez ignora-se solenemente a Constituição e deflagra-se mais um capítulo do rumo assombroso para onde caminha o Brasil. Minha solidariedade à você, sua esposa e filhinha”. 

Fonte: Guilherme Mazieiro Guilherme Mazieiro é repórter e cobre política em Brasília (DF). Já trabalhou nas redações de O Estado de S. Paulo, EPTV/Globo Campinas, UOL e The Intercept Brasil. Formado em jornalismo na Puc-Campinas, com especialização em Gestão Pública e Governo na Unicamp. As opiniões do colunista não representam a visão do Terra. 
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