Lula identifica fragilidade em base no Senado e entra na articulação
Com derrotas no Congresso, presidente já se reuniu com senadores do MDB e deve fazer encontros com pequenos grupos da base nos próximos dias
Apesar da aprovação do arcabouço fiscal nesta semana, na Câmara, os tropeços do governo Lula (PT) no Congresso e queixas de aliados levaram o presidente a entrar pessoalmente na articulação política. A informação foi confirmada à coluna por duas fontes ligadas às negociações. As reuniões miram pequenos grupos de senadores da base aliada, onde o governo contava que o apoio estava mais bem definido. Devem ser marcados encontros com deputados também.
O objetivo é aproximar Lula das bancadas, ouvir demandas, fazer análises de conjuntura política e discussões “macro”, conforme relatou uma fonte do Palácio do Planalto. Na prática, o objetivo é melhorar o ambiente político.
A iniciativa acontece após partidos e ministros da base já terem se reunido para conversar sobre articulação política com o ministro da SRI (Secretaria de Relações Institucionais), Alexandre Padilha, e ainda assim o governo ter enfrentado dificuldades, por exemplo na aprovação de medidas provisórias.
Lula se reuniu nesta quarta-feira, 24, com nomes do MDB, partido que tem três ministérios no governo. Os ministros do MDB não estavam presentes. Participaram do encontro os ministros da Casa Civil, Rui Costa, da SRI, Padilha, os líderes do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP), e os senadores do MDB, Renan Calheiros (AL) e Eduardo Braga (AM).
O que o presidente ouviu foram pedidos para ajustes na articulação. Um dos exemplos da falta de organização foi o relato de que o União Brasil (que também ocupa três ministérios na Esplanada) apoiaria um nome da Câmara para presidência da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos atos golpistas do dia 8 de janeiro, ligado ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em vez de um parlamentar do MDB no Senado. O MDB levou o recado do União Brasil a Lula, a pedido da própria bancada.
O tom da conversa foi amistoso, no sentido de contribuir para que o governo avance e não houve cobranças sobre a atuação de algum ministro ou líder, especificamente. Foi dito a Lula que quem deveria informar-lhe sobre o ambiente político não escolheu bem critérios sobre o que relatar, quais são as informações relevantes, como estão os partidos e com isso o presidente não está a par do ambiente político, que está ruim.
Em paralelo à essas reclamações, a coluna identificou uma outra queixa de parlamentares sobre a articulação, o critério que beneficia parlamentares novatos com o dobro de recursos do SUS do que quem foi reeleito. A divisão de verbas extras para compra de ambulância, custeio e reforma de unidaes de saúde gerou descontentamento entre aliados.