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Guilherme Mazieiro

"Lula não sobe a rampa" diz roteiro do golpe feito à mão; veja fotos

Documento que dizia "Lula não sobe a rampa" estava na mesa de braço direito de Braga Netto, na sede do PL.

26 nov 2024 - 17h44
(atualizado às 18h09)
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Braga Netto e Bolsonaro estão entre os 37 indiciados
Braga Netto e Bolsonaro estão entre os 37 indiciados
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Durante as investigações sobre tentativa de golpe de Estado, a Polícia Federal apreendeu um documento manuscrito na sede do partido de Jair Bolsonaro e Braga Netto, o Partido Liberal (PL), com o detalhamento de ações planejadas para efetivar o plano ilegal chamado "Operação 142".

O documento previa ações como "linhas de esforço", "interrupção do processo de transição", "mobilização de juristas e formadores de opinião" e "enquadramento jurídico do decreto 142 (Advocacia-Geral da União e Ministério da Justiça)".

Segundo a PF, há tópicos com siglas e jargões próprios do "militarismo, como 'CG Pol' (Centro de Gravidade Político), com a descrição de medidas autoritárias, que demonstram a intenção dos investigados em executar um golpe de Estado para manter o então presidente Jair Bolsonaro no poder: 'Anulação das eleições', 'Prorrogação dos mandatos', 'Substituição de todo TSE' e 'Preparação de novas eleições'.

Manuscrito sobre ações para efetivar golpe de Estado apreendido na sede do PL.
Manuscrito sobre ações para efetivar golpe de Estado apreendido na sede do PL.
Foto: Reprodução/Polícia Federal

O material estava, segundo a PF, na mesa do assessor do general Braga Netto, coronel [Flávio Botelho] Peregrino, em uma pasta denominada "memórias importantes".

"Operação 142"

O relatório da PF, tornado público nesta terça, 26, por decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes, informou que foi encontrado o esboço de ações planejadas da 'Operação 142'. O material "evidencia a preocupação dos investigados com a possibilidade da existência de uma minuta física relacionada ao art. 142 da Constituição Federal encontrada pela Polícia Federal. O documento é manuscrito".

O nome dado ao documento faz alusão ao artigo 142 da Constituição Federal, que desde a eleição de 2018 é interpretado por Bolsonaro como um mecanismo legal para intervenção militar.

"Por fim, sob o tópico EFD Pol (Estado Final Desejado Político), destaca-se o texto 'Lula não sobe a rampa', com a clara alusão ao impedimento de que o vencedor das eleições de 2022 assumisse o cargo da presidência". - trecho do relatório da PF

Para a PF, o documento demonstra que Braga Netto e seu entorno tinham "clara intenção golpista, com o objetivo de subverter o Estado Democrático de Direito, utilizando uma intepretação anômala do art. 142 da CF, de forma a tentar legitimar o golpe de Estado".

A PF transcreveu em um esquema as informações do manuscrito, veja a seguir:

Documento apreendido na sede do PL e transcrito pela Polícia Federal.
Documento apreendido na sede do PL e transcrito pela Polícia Federal.
Foto: Reprodução/Polícia Federal

Em declarações públicas, Bolsonaro e Braga Netto negaram envolvimento e participação em tentativa de golpe de Estado.

Bolsonaro e mais 36 indiciados

Entre os indiciados pela PF estão Jair Bolsonaro e os ex-ministros Braga Netto e Augusto Heleno, além de integrantes das Forças Armadas e do governo do ex-presidente.

A PF indiciou os acusados pelos crimes de:

  • associação criminosa;
  • violência política;
  • abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
  • e golpe de Estado.

No despacho em que derrubou o sigilo, Moraes determina o encaminhamento do material para a PGR. Agora, é o procurador-geral da República, Paulo Gonet, quem deve analisar e decidir se apresentará denúncia contra os indiciados. Caso sejam denunciados, eles virarão réus.

Apesar de derrubar o sigilo, Moraes preferiu manter a confidencialidade sobre a delação premiada do coronel Mauro Barbosa Cid, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Fonte: Guilherme Mazieiro Guilherme Mazieiro é repórter e cobre política em Brasília (DF). Já trabalhou nas redações de O Estado de S. Paulo, EPTV/Globo Campinas, UOL e The Intercept Brasil. Formado em jornalismo na Puc-Campinas, com especialização em Gestão Pública e Governo na Unicamp. As opiniões do colunista não representam a visão do Terra. 
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