Marinha considera crise entre Venezuela e Guiana “possível ameaça à manutenção da paz”
À coluna, o comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, disse que as tensões colocam em "potencial risco os interesses nacionais"
O comandante da Marinha, almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, disse à coluna que a crise entre Venezuela e a Guiana deve ser encarada como uma “possível ameaça à manutenção da paz” e coloca em “potencial risco” os interesses do país. Os ministérios da Defesa e das Relações Exteriores monitoram a escalada de tensão entre os dois vizinhos, que se dá sobre o território de Essequibo, rica em petróleo e minérios, na Guiana. Entenda aqui o impasse sobre a área de 159,5 mil km², maior que o estado do Ceará.
“A situação de crise nos países vizinhos coloca em potencial risco os interesses nacionais e deve ser encarada como possível ameaça à manutenção da paz e cooperação no entorno estratégico do Estado brasileiro”, disse Olsen nesta quinta, 7.
O comandante afirmou que a Marinha monitora a situação e está em condições de empregar forças, mas até o momento não houve mobilização para a região.
“Alinhada às perspectivas do Ministério das Relações Exteriores e do Ministério da Defesa, a Marinha permanece em condições de emprego, estando pronta para apoiar à política externa do país, além de monitorar e proteger as infraestruturas críticas e os recursos encontrados em Águas Jurisdicionais Brasileiras”, complementou Olsen.
Já o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, ao ser questionado por jornalistas sobre a possibilidade da crise escalar para um conflito armado, nesta quarta, 6, disse: "Não, em absoluto".
No último domingo, 3, um referendo na Venezuela rejeitou a jurisdição da Corte Internacional de Justiça (CIJ) sobre a disputa territorial do país com a Guiana e teve maioria para apoiar a criação de um novo estado venezuelano sobre as terras da Guiana. O resultado elevou as tensões na região, sob temor de uma ação armada da Venezuela.
Após o resultado, a Defesa decidiu reforçar a presença militar brasileira em Roraima e enviar blindados para um grupamento militar localizado na capital Boa Vista.
O presidente Lula (PT) demonstrou preocupação na disputa e disse não querer a guerra.