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Guilherme Mazieiro

Opinião: Com alerta de rejeição, candidatos finalmente baixam o tom em debate

Pablo Marçal, 3º lugar nas pesquisas, tenta mudar sua "pior versão" faltando duas semanas para a eleição

20 set 2024 - 13h40
(atualizado às 14h26)
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Candidatos à Prefeitura de São Paulo participam de debate promovido pelo Terra, SBT e Nova Brasil
Candidatos à Prefeitura de São Paulo participam de debate promovido pelo Terra, SBT e Nova Brasil
Foto: Lourival Ribeiro/SBT e Rogerio Pallatta/SBT

No debate promovido pelo Terra, em parceria com o SBT e a rádio Nova Brasil, na manhã desta sexta-feira, 20, praticamente não se viu piadinha provocativa, ataque à honra ou cadeirada. O encontro dos candidatos à prefeitura aconteceu menos de 24 horas após o Datafolha desta quinta, 19, mostrar uma guinada na rejeição de quatro candidatos. O tom foi ameno, o que permitiu fluidez nas perguntas e respostas, com espaço para apresentação de propostas.

A pesquisa desta semana mostrou que, embora a agressão de Datena (PSDB) contra Pablo Marçal (PRTB), no último domingo, 15, não tenha alterado o quadro geral, a violência constante é ruim e se traduz em perda de eleitor. Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (Psol), Marçal e Datena viram suas rejeições subirem numericamente, dentro da margem de erro (veja abaixo). A pesquisa foi feita nesta semana, quando o eleitor viu o ápice da violência com o ataque físico do apresentador da Band.

A rejeição é um obstáculo para qualquer candidato porque sinaliza não só a falta de apoio, mas também a repulsa. Além de tudo, cansa o eleitor que não vê nos disparates as soluções para os problemas da cidade. Neste contexto, os candidatos botaram a bola no chão e fizeram o debate mais propositivo até aqui. Foram poucos os pedidos e concessões de direito de resposta.

Dos presentes no debate, Tabata Amaral (PSB) e Marina Heleno (Novo) foram as duas que viram a rejeição diminuir numericamente. Não por acaso, são as duas que desde o início da campanha mantêm o tom menos belicioso.

Pablo Marçal, líder na rejeição com 47%, estava irreconhecível e morno nesta sexta. Vestido em uma fantasia de moderação, comentou sua estratégia no palco. Fez até elogio à Tabata pela autoria do programa "Pé de Meia" e ao governo federal, por "bancar isso".

"Quero pedir perdão para todo eleitor paulistano porque minha tentativa até o último debate, a campanha começa para valer agora, foi expor o caráter de cada um. De alguém que precisa de internação psiquiátrica, de outro que tem perfil ditatorial, alguém que tem boletim de ocorrência em relação a violência doméstica", disse o ex-coach.

Talvez pela baixa rejeição, Tabata tenha visto espaço para dar um passo além e provocar Marçal dizendo que: "ele é como o jogo do Tigrinho, promessas fáceis que podem até atrair quem está desiludido, mas que lascam com a vida das pessoas".

Na sequência, usando um direito de resposta contra a candidata, Marçal seguiu: "as pessoas querem saber sua pior versão e sua melhor. A minha pior eu já mostrei nos debates, a partir de agora você vai ver alguém que tem postura de governante", afirmou ele.

Em outro momento, a percepção do debate menos agressivo foi comentada porTabata, que sugeriu que havia algum combinado entre os candidatos: "Eu tô achando muito curioso esse joguinho combinado em que todo mundo virou amiguinho. Tem algo por trás", disse ela sem dar mais explicações.

O embate mais quente foi próximo ao final, quando Marçal disse que aquele que estava ao lado de Tabata Amaral (PSB), o prefeito Nunes, era "tchutchuca do PCC". O emedebista teve direito de resposta e rebateu no mesmo tom: "Eu te fiz um apelido, até por conta das suas ofensas, e você quer roubar até o apelido que coloquei em você de 'tchutchuca'".

O alerta dado pelo eleitor contra a pancadaria foi ouvido. Restam ainda duas semanas para sabermos se essa nova roupagem dos candidatos vai se manter, como serão apresentadas as propostas e quem, ao final, terá conquistado mais simpatia do eleitor para disputar o segundo turno.

Maiores rejeições, segundo o Datafolha atual e da semana passada:

Marçal - 47%  (antes eram 44%)

Boulos - 38% (antes eram 37%)

Datena - 35% (antes eram 32%)

Nunes - 21% (antes eram 19%)

Tabata - 14% (antes eram 16%)

Marina - 11% (antes eram 13%)

A margem de erro é de 3 pontos percentuais, ou seja, os quatro oscilaram para cima.

Fonte: Guilherme Mazieiro Guilherme Mazieiro é repórter e cobre política em Brasília (DF). Já trabalhou nas redações de O Estado de S. Paulo, EPTV/Globo Campinas, UOL e The Intercept Brasil. Formado em jornalismo na Puc-Campinas, com especialização em Gestão Pública e Governo na Unicamp. As opiniões do colunista não representam a visão do Terra. 
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