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Guilherme Mazieiro

Opinião: Tudo ou nada de Boulos dá resultados, mas ainda é pouco para vencer Nunes

Pesquisas mostram pequena movimentação nas intenções de voto, mas trazem alerta para os dois candidatos de que ainda há jogo pela frente.

24 out 2024 - 17h41
(atualizado em 25/10/2024 às 11h03)
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Segundo a Quaest, 6% declararam temer tanto a vitória de Boulos quanto a de Nunes no segundo turno das eleições
Segundo a Quaest, 6% declararam temer tanto a vitória de Boulos quanto a de Nunes no segundo turno das eleições
Foto: Taba Benedicto/Estadão / Estadão

As pesquisas de intenção de voto mostram uma leve movimentação na disputa eleitoral em São Paulo. Ricardo Nunes (MDB) corre com vantagem sobre Guilherme Boulos (Psol) de 14% no Datafolha e 9% na Quaest. Faltam três dias para eleição, é pouco tempo para Boulos conseguir muito voto.

Uma reviravolta seria uma feito memorável para Boulos e uma humilhação para Nunes, ainda mais porque joga parado no segundo turno.

O atual prefeito administra a gordura com agendas pontuais com empresários, cultos e padrinhos políticos. Ele tem fugido de debates, sabatinas e quaisquer outras situações que lhe cheire a desgaste. É o que costuma fazer um candidato já no cargo e colhendo uma ampla vantagem.

Nesta semana, Nunes fez gestos com Jair Bolsonaro (PL) e se encontrou com ele, outros padrinhos do alto escalão e 400 empresários em uma churrascaria chique no Morumbi, bairro nobre da capital. Ainda que haja algum receio da rejeição de Bolsonaro tirar-lhe alguns votos, Nunes abraçou o ex-presidente para a foto. A campanha segue no tom de Nunes, morno, administrando a vantagem sem grandes sobressaltos.

Se você passou pelas redes sociais de Boulos nesta semana, possivelmente esbarrou com alguma live do candidato (tem feito várias ao longo do dia) e o viu falando com diferentes pessoas na rua, ministros do governo Lula (PT), em palanques, barbearia, feira e toda sorte de espaço numa espécie de BBB da eleição. O candidato entrou no tudo ou nada e isso inclui até participar de uma live com Pablo Marçal (PRTB) nesta sexta, 25. O dia de amanhã ainda terá o último debate, da Globo.

O eleitor de Marçal é a fatia que mais interessa neste segundo turno. Nunes deve receber esses votos muito por conta da rejeição ao adversário. Já Boulos ajustou a campanha neste público com propostas para empreendedores (motoristas de Uber, autônomos e mulheres boleiras, salgadeiras, por exemplo).

Não por acaso sua campanha avalia, em nota divulgada à imprensa, que o Datafolha mostrou um aumento na “conquista de uma fatia maior dos votos do eleitorado de Pablo Marçal por parte do candidato do PSOL (de 8% para 11%) - enquanto o atual prefeito viu seus votos diminuírem nesse recorte (de 77% para 74%)”.

Mas tomar votos de Nunes será um desafio. Dos eleitores de Nunes, segundo o Datafolha, 30% dizem que votam por ele ser o candidato ideal. Já 69% dizem que é por não ter opção melhor. Com Boulos é meio a meio, 54% o consideram ideal e 46% não têm candidato melhor.

A pesquisa nos indica que mesmo Nunes não sendo uma inspiração para o eleitor, Boulos não é uma opção, talvez pela rejeição. O candidato do Psol segue com rejeição elevada, são 55%, eram 56%. Nunes oscilou de 35% para 37%.

Os dados do levantamento mostram que Nunes e empatam tecnicamente nas seguintes fatias do eleitorado:

  • Entre 16 a 34 anos
  • Ensino superior
  • Mais de 5 salários mínimos
  • Pretos

Nunes lidera entre

  • Homens e mulheres
  • 35 anos ou mais
  • Ensino fundamental e médio
  • Até 5 salários mínimos
  • Católicos e evangélicos
  • Brancos e pardos

Boulos não lidera em nenhum segmento

O risco para Nunes perder a eleição parece estar mais na abstenção e nesse tom que não empolga nenhuma militância do que na transferência de votos para Boulos. Por isso insiste nos pedidos para que o paulistano vá às urnas.

Ainda faltam três dias. Tem jogo para ser jogado, campanha na rua, live de Boulos com Marçal e o debate da Globo. Ainda que pareça improvável uma derrota de Nunes sem um fato político novo, o jogo só termina quando fecharem a última urna.

Fonte: Guilherme Mazieiro Guilherme Mazieiro é repórter e cobre política em Brasília (DF). Já trabalhou nas redações de O Estado de S. Paulo, EPTV/Globo Campinas, UOL e The Intercept Brasil. Formado em jornalismo na Puc-Campinas, com especialização em Gestão Pública e Governo na Unicamp. As opiniões do colunista não representam a visão do Terra. 
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