Opinião: Tudo ou nada de Boulos dá resultados, mas ainda é pouco para vencer Nunes
Pesquisas mostram pequena movimentação nas intenções de voto, mas trazem alerta para os dois candidatos de que ainda há jogo pela frente.
As pesquisas de intenção de voto mostram uma leve movimentação na disputa eleitoral em São Paulo. Ricardo Nunes (MDB) corre com vantagem sobre Guilherme Boulos (Psol) de 14% no Datafolha e 9% na Quaest. Faltam três dias para eleição, é pouco tempo para Boulos conseguir muito voto.
Uma reviravolta seria uma feito memorável para Boulos e uma humilhação para Nunes, ainda mais porque joga parado no segundo turno.
O atual prefeito administra a gordura com agendas pontuais com empresários, cultos e padrinhos políticos. Ele tem fugido de debates, sabatinas e quaisquer outras situações que lhe cheire a desgaste. É o que costuma fazer um candidato já no cargo e colhendo uma ampla vantagem.
Nesta semana, Nunes fez gestos com Jair Bolsonaro (PL) e se encontrou com ele, outros padrinhos do alto escalão e 400 empresários em uma churrascaria chique no Morumbi, bairro nobre da capital. Ainda que haja algum receio da rejeição de Bolsonaro tirar-lhe alguns votos, Nunes abraçou o ex-presidente para a foto. A campanha segue no tom de Nunes, morno, administrando a vantagem sem grandes sobressaltos.
Se você passou pelas redes sociais de Boulos nesta semana, possivelmente esbarrou com alguma live do candidato (tem feito várias ao longo do dia) e o viu falando com diferentes pessoas na rua, ministros do governo Lula (PT), em palanques, barbearia, feira e toda sorte de espaço numa espécie de BBB da eleição. O candidato entrou no tudo ou nada e isso inclui até participar de uma live com Pablo Marçal (PRTB) nesta sexta, 25. O dia de amanhã ainda terá o último debate, da Globo.
O eleitor de Marçal é a fatia que mais interessa neste segundo turno. Nunes deve receber esses votos muito por conta da rejeição ao adversário. Já Boulos ajustou a campanha neste público com propostas para empreendedores (motoristas de Uber, autônomos e mulheres boleiras, salgadeiras, por exemplo).
Não por acaso sua campanha avalia, em nota divulgada à imprensa, que o Datafolha mostrou um aumento na “conquista de uma fatia maior dos votos do eleitorado de Pablo Marçal por parte do candidato do PSOL (de 8% para 11%) - enquanto o atual prefeito viu seus votos diminuírem nesse recorte (de 77% para 74%)”.
Mas tomar votos de Nunes será um desafio. Dos eleitores de Nunes, segundo o Datafolha, 30% dizem que votam por ele ser o candidato ideal. Já 69% dizem que é por não ter opção melhor. Com Boulos é meio a meio, 54% o consideram ideal e 46% não têm candidato melhor.
A pesquisa nos indica que mesmo Nunes não sendo uma inspiração para o eleitor, Boulos não é uma opção, talvez pela rejeição. O candidato do Psol segue com rejeição elevada, são 55%, eram 56%. Nunes oscilou de 35% para 37%.
Os dados do levantamento mostram que Nunes e empatam tecnicamente nas seguintes fatias do eleitorado:
- Entre 16 a 34 anos
- Ensino superior
- Mais de 5 salários mínimos
- Pretos
Nunes lidera entre
- Homens e mulheres
- 35 anos ou mais
- Ensino fundamental e médio
- Até 5 salários mínimos
- Católicos e evangélicos
- Brancos e pardos
Boulos não lidera em nenhum segmento
O risco para Nunes perder a eleição parece estar mais na abstenção e nesse tom que não empolga nenhuma militância do que na transferência de votos para Boulos. Por isso insiste nos pedidos para que o paulistano vá às urnas.
Ainda faltam três dias. Tem jogo para ser jogado, campanha na rua, live de Boulos com Marçal e o debate da Globo. Ainda que pareça improvável uma derrota de Nunes sem um fato político novo, o jogo só termina quando fecharem a última urna.