PF vai usar fala de Bolsonaro sobre 'minuta do golpe' em investigação
Fala aconteceu durante ato convocado pelo ex-presidente para se defender politicamente do inquérito sobre tentativa de golpe de Estado
A Polícia Federal (PF) vai incluir as falas que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez durante ato na Av. Paulista, neste domingo, 25, na investigação sobre tentativa de golpe de Estado. Para investigação, a declaração reforça suspeitas da participação do ex-presidente na elaboração de uma minuta de decreto para golpe de Estado. A informação foi divulgada pelo jornal O Globo e confirmada à coluna por uma fonte ligada à investigação.
“Agora, o golpe é por que tem uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe? Usando a Constituição? Tenham a santa paciência. Golpe usando a Constituição. Deixo claro que o estado de sítio começa com o presidente da República convocando os conselhos da República e da Defesa. Isso foi feito? Não”, disse Bolsonaro.
O ex-presidente disse que para efetivação do estado de sítio, seria necessário que o Congresso analisasse e efetivasse a proposta do presidente. Segundo a PF, Bolsonaro foi um dos articuladores de uma proposta para um golpe nos demais poderes da República, com a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal e que "por fim determinava a realização de novas eleições". De acordo com a investigação, o próprio Bolsonaro pediu alterações no documento.
“Apesar de não ser golpe o estado de sítio, não foi convocado ninguém dos conselhos da República e da Defesa para se tramar ou se botar no papel a proposta do estado de sítio”, disse Bolsonaro. Desde que as investigações começaram, o ex-presidente nega que tenha cometido qualquer crime ou irregularidade.
Bolsonaro e ex-ministros que integravam seu governo estão na mira da PF no inquérito que apura tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral, o ex-presidente convocou seus militantes para um ato de apoio, ocorrido no último domingo, 25.
Há uma divergência sobre a quantidade de manifestantes presentes. Um estudo da Universidade de São Paulo estima que participaram 185 mil pessoas, já a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que foram 600 participantes.
Aliados de Bolsonaro viram na manifestação uma demonstração de força do ex-presidente e liderança entre eleitores da direita e extrema-direita.