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Guilherme Mazieiro

Quem é Elcio Franco, braço direito de Braga Netto que discutiu golpe

Alvo da CPI da covid, aliado de Braga Netto e com cargo no governo Lula: áudio mostra coronel em conversa sobre golpe

9 mai 2023 - 11h44
(atualizado em 10/5/2023 às 16h52)
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Elcio Franco
Elcio Franco
Foto: Reuters

Elcio Franco, coronel de reserva e homem de confiança do governo Bolsonaro, deu sugestões sobre como movimentar tropas do Exército em uma tentativa de golpe de estado. As informações constam de diálogos revelados nesta segunda-feira, 8, pela CNN Brasil, a partir das investigações sobre a fraude no cartão de vacina do ex-presidente Jair Bolsonaro.

De acordo com a reportagem, Elcio Franco e Ailton Barros, ex-major e amigo de Bolsonaro, conversaram em meados de dezembro de 2022 sobre a mobilização de 1,5 mil homens para participar da tentativa de golpe de Estado. Em um dos trechos, reclamam de uma resistência do então comandante do Exército de embarcar no plano, general Freire Gomes. Barros está preso desde a semana passada.  

À época das conversas, Franco era assessor da Casa Civil da Presidência, comandada pelo atual senador e então coordenador da campanha de Bolsonaro, Ciro Nogueira (PP-PI). Ele foi exonerado do cargo no início do governo Lula, mas segue como conselheiro fiscal da estatal Hemobrás (Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia) e recebe mensalmente R$ 3.083,75, além do custeio de viagens relativas à função. Como militar aposentado recebe mais R$ 28.398,48 brutos.

Durante a campanha, Franco era ouvido como conselheiro do candidato a vice-presidente, o general Braga Netto, ex-ministro de Bolsonaro. Membros da campanha à reeleição relataram à coluna, sob condição de anonimato, que Franco fazia o aconselhamento e levantamento de informações do governo a pedido de Braga Netto, mas não participava do núcleo das discussões. Era parte do chamado “núcleo militar”, como a imprensa retratava.

CPI DA COVID E MINISTÉRIO DA SAÚDE

Ao fim dos trabalhos da CPI da covid, os senadores pediram o indiciamento de Franco por participação na epidemia como resultado morte e improbidade administrativa. Durante os depoimentos à comissão, ele negou quaisquer crimes e a demora para compra de vacinas.

Franco foi o número dois do Ministério da Saúde quando a pasta era comandada por outro militar, Eduardo Pazuello. Franco participou ativamente das negociações de vacinas, coordenação de insumos e distribuição de oxigênio, por exemplo.

Em seu currículo diz ter mestrado em operações militares e ciências militares. No Exército, Franco atuou nas operações de segurança e defesa dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 e como subcomandante e chefe do Estado-Maior da Força de Pacificação no Complexo de Favelas da Maré, em 2014.

O Ministério da Saúde informou no final da tarde desta quarta-feira, 9, que Franco será exonerado do cargo da Hemobrás e que o processo já foi encaminhado à Casa Civil, responsável pelo processo burocrático. A pasta não precisou em quantos dias se dará a exoneração.

Fonte: Guilherme Mazieiro Guilherme Mazieiro é repórter e cobre política em Brasília (DF). Já trabalhou nas redações de O Estado de S. Paulo, EPTV/Globo Campinas, UOL e The Intercept Brasil. Formado em jornalismo na Puc-Campinas, com especialização em Gestão Pública e Governo na Unicamp. As opiniões do colunista não representam a visão do Terra. 
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