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Guilherme Mazieiro

“Se Lula se calar é pior para nós”: como trabalhadores rurais veem críticas ao mercado

Coluna ouviu moradores de acampamento que participaram do lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar no Palácio do Planalto.

3 jul 2024 - 12h51
(atualizado às 12h52)
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Erci Lopes e André de Souza, ao centro, se sentem amparados por críticas de Lula ao mercado
Erci Lopes e André de Souza, ao centro, se sentem amparados por críticas de Lula ao mercado
Foto: Guilherme Mazieiro/Terra

Ao contrário de banqueiros, investidores e seguradoras (o mercado) que condenam as críticas e queixas de Lula (PT) à taxa de juros e especulação cambial, trabalhadores rurais de um acampamento no interior de Goiás se sentem representados pelo presidente.

“Acho que ele tem que falar [contra a pressão do mercado]. Não ganhou para isso? Presidente tem que falar. Agora, eles [mercado] querem que ele se cale. Se ele se calar, pra nós é pior”, falou o pedreiro Erci de Souza Lopes, 51, pedreiro. 

Na manhã desta quarta, 3, centenas de trabalhadores rurais estiveram no Palácio do Planalto para acompanhar o lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar, que prevê incentivos de R$ 76 bilhões para produção. Enquanto o evento não começava, Lopes e um grupo de cerca de 50 pessoas com camisas do MST e bonés da Caixa (que eram distribuídos no evento) acompanhavam atentamente um telão com transmissão que transmitia ao vivo as imagens de Lula (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e dos ministros no Conselho da Federação em Brasília.

A coluna conversou com alguns deles para saber como veem a economia no país, um dos assuntos que têm dominado o noticiário, as discussões no Congresso e as entrevistas recentes de Lula.

Lopes mora, há dez anos, em uma ocupação na cidade Padre Bernardo (GO), a 117 km de Brasília. E se deslocou do município de 34.967 habitantes, (dados do Censo 2022) para acompanhar de perto Lula lançando o programa de crédito.

Trabalhadores rurais acompanham transmissão em telão no Palácio do Planalto
Trabalhadores rurais acompanham transmissão em telão no Palácio do Planalto
Foto: Guilherme Mazieiro/Terra

“Assisto ele direto. Acho que o ministro Haddad tem feito um bom trabalho”, disse, ressaltando que sente sua condição de vida e econômica melhores nos últimos anos.

Outro morador da ocupação em Padre Bernardes, o lavrador André Soares dos Santos, 52 anos, entende que as cobranças e críticas de Lula são feitas com a intenção de defender as classes mais baixas.

“Preocupação [do mercado está] em atingir a gente. O mercado quer predominar. O agronegócio que colocar a gente embaixo da sandália. A gente vê isso”, disse Santos.

O colega emendou dizendo que “o mercado é pressão, para eles, o ministro Paulo Guedes [titular da Economia no governo Jair Bolsonaro (PL)] era bom, né? Para nós, o ministro Haddad é melhor”.

“Acredito que nas conversas que ele faz sempre visa a nós, a classe mais baixa. Aí, ele vendo por nós, os outros se incomodam. Ele vendo o pequeno, o grande se incomoda”, finalizou Santos.

Sob críticas do mercado e o aumento do dólar, o presidente Lula convocou uma reunião nesta quarta, 3, com quatro ministros para discutir as contas públicas do país frente ao avanço do dólar.

Devem participar os ministros: Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Esther Dweck (Gestão e Inovação). Eles são membros da Junta de Execução Orçamentária (JEO), responsável por centralizar as discussões sobre a distribuição do Orçamento e avaliar a evolução das contas públicas.

Fonte: Guilherme Mazieiro Guilherme Mazieiro é repórter e cobre política em Brasília (DF). Já trabalhou nas redações de O Estado de S. Paulo, EPTV/Globo Campinas, UOL e The Intercept Brasil. Formado em jornalismo na Puc-Campinas, com especialização em Gestão Pública e Governo na Unicamp. As opiniões do colunista não representam a visão do Terra. 
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