Sem “solução mágica”, governo Lula busca medidas para conter alta de alimentos
O levantamento do IBGE indicou que o grupo alimentação e bebidas foi o que registrou a maior elevação de preços em 2024, 8,00%.
O governo Lula (PT) estuda uma série de medidas para conter e reverter a alta nos preços dos alimentos. O assunto, que tem potencial de impactar na popularidade do presidente, se tornou um problema prioritário para a gestão petista e vem sendo discutido pela equipe econômica com a Casa Civil e outros dois ministérios, Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, e Agricultura.
Segundo dados do IPCA-15 de dezembro, prévia da inflação oficial, houve uma desaceleração nos preços gerais, mas alta dos alimentos, que ficaram 1,47% mais caros em dezembro. O levantamento do IBGE indicou que o grupo alimentação e bebidas foi o que registrou a maior elevação de preços em 2024, 8,00%.
O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, um dos principais envolvidos nas discussões para conter a inflação dos alimentos, tem dito a interlocutores que não há “solução mágica”.
O entendimento do ministro, da Casa Civil e da equipe econômica é de que o aumento se deu por uma série de fatores. Entre eles: eventos climáticos extremos como a seca em diferentes regiões e enchentes no Rio Grande do Sul, aumento do dólar pressionando preços de insumos do setor agropecuário, o ciclo pecuário, com menos oferta de animais para o abate em 2024, e a economia aquecida que elevou o consumo.
Na reunião ministerial de segunda, 20, Lula disse que a entrega do governo até aqui ainda não foi a que ele se comprometeu a fazer porque “muitas das coisas que plantamos, ainda não brotou”.
“Os alimentos estão caros na mesa do trabalhador. Todo ministro sabe que o alimento está caro. Nós temos agora um tema muito importante. Vamos ter que trabalhar reconstrução, união e comida barata na mesa do trabalhador. Porque os alimentos estão caros na mesa do trabalhador”, disse o presidente.
A inflação de alimentos é um indicador de atenção constante para Lula. No primeiro trimestre de 2024, antes dos alagamentos no Rio Grande do Sul, o assunto já preocupava Lula. À época, foi discutida a importação de arroz e feijão.
Sugestões de supermercados
Nesta quarta, 22, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que o governo implementará no primeiro bimestre sugestões de representantes de redes de supermercado que foram discutidas no fim de 2024 com o presidente.
De acordo com o ministro, serão feitas reuniões com produtores de alimentos para consolidar as medidas que serão adotadas. No entanto, ele não detalhou que medidas seriam essas.
“As exportações e o aumento do poder aquisitivo também pressionam os preços. Então, essa é uma agenda importante que nós vamos monitorar e acompanhar, porque é fundamental para garantir o aumento do poder aquisitivo do brasileiro”, disse em entrevista ao CanalGov, o veículo institucional do governo federal.