Todas as provas indicam que Bolsonaro sabia da trama golpista, diz chefe da PF
Andrei Rodrigues participou de um café da manhã com jornalistas nesta quarta, 4, em Brasília
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou que todos os elementos de prova colhidos pela investigam indicam que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sabia da trama golpista. A declaração foi dada durante um café da manhã com jornalistas nesta quarta, 4, em Brasília, do qual o Terra participou.
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“Todos os elementos de prova indicam que sim, os ex-presidente [Jair Bolsonaro] sabia da trama golpista por isso, por isso, isso. Depoimento, troca de mensagens. É uma investigação muito responsável. Não são 'vozes da minha cabeça'. Tudo que está posto ali tem sustentação fática”, disse Rodrigues.
O delegado disse que a investigação reuniu indícios de prova dos investigados considerando deslocamento de antenas, dados de impressão de documentos, quebras de sigilo e outras análises periciais.
Lacunas na investigação
Ao ser questionado sobre lacunas da investigação sobre o plano de assassinato da chapa eleita, Lula (PT), Geraldo Alckmin (PSB), e do então presidente do Tribunal Superior Eleitora (TSE), Alexandre de Moraes, o delegado ressaltou que o indiciamento não é sobre o crime de homicídio.
Algumas das questões não respondidas são, por exemplo, quem estaria usando o codinome “Juca”, o quarto alvo do plano de homicídio e de quem partiu a ordem para abortar o plano de assassinato.
"A organização criminosa não era para cometer assassinato. Era para cometer crimes de abolição violenta e golpe de Estado. Acho que aí, não há lacuna nenhuma", afirmou o diretor-geral.
"É um processo [de investigação] complexo, mas ao mesmo tempo, diria que é um inquérito que talvez, com a devida distância do tempo, a gente vai reconhecer o documento histórico que trouxe de fato, todo o desenho desse cenário posto para um golpe de Estado”, complementou.
No final de novembro, a PF indiciou Bolsonaro e mais 36 pessoas por golpe de Estado, associação criminosa, violência política e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Segundo a investigação, o golpe não se consumou por "circunstâncias alheias" à vontade de Bolsonaro.
O diretor-geral também falou sobre o plano de instalar um gabinete de crise para consumar o golpe. "O gabinete de crise ele servia para conter a crise para manter o mandatário no poder. Agora, se a defesa vai dizer que era o golpe dentro do golpe, aí é um problema que não diz respeito à Polícia Federal", declarou Rodrigues.