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Há um ano, STF abria caminho para prisão de Lula

Ex-presidente foi preso no dia 7 de abril de 2017 por corrupção passiva e lavagem de dinheiro

5 abr 2019 - 09h10
(atualizado às 09h47)
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A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que abriu caminho para a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva completa nesta sexta-feira, 5, um ano. Na quinta, o presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, retirou de pauta o julgamento das ações que tratam da prisão após condenação em segunda instância. O julgamento, que aconteceria dia 10 de abril e por enquanto está sem previsão, poderia impactar o processo do ex-presidente e de outros presos em situação semelhante à dele.

"Hoje, a situação do Lula é aguardar a decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), que precisa pautar um recurso especial", explica João Paulo Martinelli, advogado criminalista e doutor em direito penal pela Universidade de São Paulo (USP).

Segundo o advogado, mesmo que o caso vá ao STJ, ainda não representará trânsito em julgado, pois há possibilidade de a defesa entrar com recurso extraordinário no STF. Caso Toffoli venha a pautar a discussão sobre prisão após segunda instância antes do recurso do petista no STJ, Lula poderá ser solto.

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Foto: Nacho Doce / Reuters

"O Supremo pode decidir antes que não cabe prisão em segunda instância, ou que até cabe, mas que precisa de fundamentação e requisitos. A partir daí, a defesa poderia entrar com recurso e pedir a liberdade", afirma Martinelli.

Relembre abaixo os acontecimentos que marcaram a prisão do ex-presidente.

STF abre caminho para a prisão de Lula 5 de abril de 2018

Em votação apertada que durou quase 11 horas, o STF negou, por 6 votos a 5, o pedido de habeas corpus feito pela defesa de Lula. A decisão abriu caminho para a prisão do ex-presidente, condenado a 12 anos e 1 mês por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) no dia 24 de janeiro no caso do triplex do Guarujá.

Na sessão, o voto de desempate foi da então presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia. Grande incógnita da votação, a ministra Rosa Weber afirmou que iria respeitar a decisão anterior da Corte, votando contra Lula, assim como os ministros Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux. Gilmar Mendes também surpreendeu. Ele foi contra o seu posicionamento em 2016, e votou a favor do habeas corpus, junto com Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio Mello e Celso de Mello.

Moro decreta prisão de Lula 6 de abril de 2018

Antes mesmo da decisão do STF completar 24 horas, e 19 minutos depois de o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) autorizar a execução da pena, o então juiz Sérgio Moro ordenou a prisão de Lula. No despacho, Moro concedeu ao petista, em razão da 'dignidade do cargo que ocupou', a oportunidade de se apresentar voluntariamente à Polícia Federal em Curitiba às 17h do dia 6 de abril de 2018.

A negociação

Contrariando o prazo de Moro, Lula não se apresentou à Polícia Federal em Curitiba no prazo estipulado. Ele permaneceu no edifício sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, seu antigo reduto, cercado de militantes de movimentos sociais e aliados. Havia expectativa de que ele se apresentasse após a missa de aniversário de 68 anos de sua esposa Marisa Letícia, que morreu em fevereiro de 2017. Ele não se apresentou.

O petista passou duas noites no Sindicato. Apenas no dia 7 confirmou, durante um discurso acalorado ao público em frente ao prédio, que se entregaria à PF. A mensagem aos apoiadores durou mais de uma hora e foi permeada de críticas à Operação Lava Jato e à imprensa. Ele reforçou sua inocência: "Eu sairei desta maior, mais forte, mais verdadeiro e inocente, porque quero provar que eles é que cometeram um crime político", disse.

Prisão

Às 18h42 do dia 7, 26 horas após o prazo dado pelo juiz Sérgio Moro, Lula deixou o Sindicato dos Metalúrgicos para se entregar à PF. Na primeira tentativa de sair do prédio, o carro em que Lula estava foi impedido por militantes, marcando um momento de forte tensão.

A solução foi sair do local a pé, cercado de seguranças, e caminhar até a viatura da PF que estava próxima do local. De helicóptero do governo do Estado, ele foi até Congonhas e partiu às 20h46 para Curitiba, onde iniciaria o cumprimento da pena de 12 anos e um mês no caso triplex.

Rogério Favreto decide soltar Lula 8 de julho de 2018

Três meses após Lula ser preso, o desembargador Rogério Favreto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, concedeu habeas corpus ao ex-presidente, determinando emitir 'desde logo' o alvará de soltura. A decisão ocorreu em um domingo, por volta do meio dia, quando o desembargador estava como plantonista. Favreto foi auxiliar de Dilma e Dirceu, além de filiado ao PT por 20 anos.

O juiz Sérgio Moro, que estava de férias, não acatou ao habeas corpus. Ele afirmou que o 'desembargador plantonista, com todo o respeito, é autoridade absolutamente incompetente para sobrepor-se à decisão do Colegiado da 8.ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região e ainda no Plenário do Supremo Tribunal Federal'. O procurador regional da República, José Osmar Pumes, que atua no plantão do TRF-4, pediu para que fosse reconsiderada a soltura de Lula.

Mas cerca de duas horas depois de Moro não acatar, o relator da Lava Jato no TRF-4 , João Pedro Gebran Neto, suspendeu o habeas corpus concedido por Favreto. O capítulo só foi encerrado 10 horas depois da confusão, quando o presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Carlos Eduardo Thompson Flores, revogou a soltura, mantendo Lula preso.

Canetada do Ministro Marco Aurélio 19 de dezembro de 2018

Em decisão monocrática que ocorreu na véspera do recesso do STF, o ministro Marco Aurélio determinou a suspensão da possibilidade de prisão após condenação em segunda instância, acatando um pedido feito pelo PC do B. Apenas 48 minutos depois da decisão, a defesa de Lula já havia pedido alvará de soltura.

No mesmo dia, o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, cassou a decisão de Marco Aurélio, acolhendo recurso apresentado pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Toffoli afirmou que "a decisão já tomada pela maioria dos membros da Corte deve ser prestigiada pela Presidência".

Outras tentativas de soltar Lula

A defesa de Lula tentou pedidos no STF, STJ e TRF-4 para soltar o ex-presidente. Em nenhuma das tentativas obteve êxito. Hoje, há uma grande expectativa em torno do recurso especial no STJ.

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