Hospitais ameaçam suspender atendimento a segurados do IPE Saúde
Aumento nas mensalidades e descontentamento de médicos elevam tensões no sistema de saúde
Segurados do IPE Saúde, que experimentaram significativo aumento na mensalidade desde o ano passado, agora enfrentam o risco iminente de perder o acesso a hospitais privados e filantrópicos, incluindo a Santa Casa de Porto Alegre, tradicional ponto de atendimento para servidores públicos. O Hospital Mãe de Deus já anunciou que, a partir de abril, não atenderá mais segurados do IPE Saúde em sua unidade da Avenida Carlos Gomes. Além disso, em hospitais do Interior, como o Astrogildo de Azevedo, em Santa Maria, o IPE Saúde está negando autorizações, inclusive para tratamentos oncológicos.
Na semana passada, os hospitais enviaram uma carta ao governador Eduardo Leite, alertando sobre a situação crítica, uma vez que os valores pagos são insuficientes para cobrir os serviços prestados.
Como agravante para os segurados, médicos descontentes com a tabela de remuneração ameaçam se descredenciar. O Conselho Regional de Medicina (Cremers) divulgou uma nota nesta segunda-feira (26), pleiteando a urgente atualização dos valores de consultas e procedimentos pagos aos médicos credenciados ao IPE Saúde. O Cremers expressou solidariedade às entidades hospitalares, que alegam estar "pagando para atender" os segurados do IPE Saúde.
Confira a íntegra da nota do Cremers e a carta enviada ao governo pelos hospitais:
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) reitera a urgente atualização dos valores de consultas e procedimentos pagos aos médicos credenciados ao IPE Saúde.
A tabela de remuneração dos serviços médicos está defasada há muitos anos, e impacta negativamente o atendimento aos pacientes. Os valores pagos aos médicos, muitas vezes são impraticáveis para garantir o trabalho médico e a manutenção dos consultórios, inviabilizando o atendimento pelo IPE Saúde.
As recentes negociações realizadas pelo governo do Estado não foram cumpridas em sua totalidade, o que resultou no descredenciamento de profissionais de diversas especialidades e na precarização da assistência a cerca de 1 milhão de usuários.
O Cremers entende como justa a reivindicação das entidades hospitalares e adere à urgência na revisão do modelo de remuneração, uma vez que os médicos também sofrem com os baixos valores pagos pelo IPE Saúde.