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Human Rights Watch: ditadura no Brasil torturou 20 mil pessoas; 434 foram mortas ou desapareceram

Para o diretor da divisão das Américas da HRW, o fato de Bolsonaro criticar os governos cubano e venezuelano, mas celebrar a ditadura militar no Brasil, é um exemplo claro de 'dois pesos e duas medidas'

27 mar 2019 - 18h50
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RIO - Vinte mil pessoas foram torturadas durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985), segundo levantamento da Human Rights Watch (HRW). Pelo menos 434 pessoas foram mortas ou seguem desaparecidas, de acordo com números oficiais. Durante o período, 4.841 representantes eleitos pelo povo foram destituídos de seus cargos.

"(Jair) Bolsonaro critica com razão os governos cubano e venezuelano por violarem os direitos básicos da população", disse o diretor da divisão das Américas da HRW, José Miguel Vivanco. "No entanto, ele celebra ao mesmo tempo uma ditadura militar no Brasil que causou um sofrimento indescritível a dezenas de milhares de brasileiros. É difícil imaginar um exemplo mais claro de dois pesos e duas medidas."

O presidente determinou o restabelecimento das comemorações do golpe de 1964, que depôs um presidente democraticamente eleito e inaugurou duas décadas de ditadura. Bolsonaro reverteu uma política estabelecida em 2011 pela então presidente Dilma Rousseff, uma sobrevivente da tortura, que havia determinado às Forças Armadas a suspensão das comemorações do golpe. Para a HRW, Bolsonaro está, na verdade, determinando a celebração de mortes e torturas, pelas quais ninguém foi responsabilizado até hoje.

"Estou indignado", afirmou à HRW Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, torturado e morto em 1975 por agentes da ditadura. Segundo ele, comemorar o golpe "é uma ofensa, uma tortura continuada para as famílias".

Integrante das Forças Armadas durante o período da ditadura, Bolsonaro defendeu repetidamente o regime militar de exceção durante os quase 30 anos em que foi deputado federal. Em algumas ocasiões, ele repetiu que o erro da ditadura "foi torturar, e não matar as pessoas" e, outras vezes, se referiu ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra - único militar condenado pela prática de tortura no período - como "herói".

Estadão
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