Idosa que ficou agarrada em parreira aguardando resgate durante enchente morre no hospital
A mulher, de 99 anos, ficou durante 9 horas agarrada na estrutura de ferro que dá sustentação a um parreiral de uvas esperando ajuda durante enchente que atingiu o Vale do Taquari
Elma Berger de Souza, uma valente mulher de 99 anos que passou mais nove horas agarrada a um parreiral aguardando socorro durantes as enchentes causadas pelo ciclone, morreu, nesta quinta-feira (14) depois de alguns dias de internação.
No fatídico domingo, a idosa estava em casa com sua cuidadora quando as águas começaram a invadir a residência. A força da correnteza impediu seus filhos de chegarem até ela, enquanto a cidade enfrentava uma inundação sem precedentes, com o Rio Taquari subindo cerca de 13 metros.
"Os filhos não conseguiam chegar a casa dela por causa da correnteza, sendo que a cidade inteira estava embaixo da água", relatou o neto, Péteo Pretto. O desespero da família foi amenizado quando vizinhos conseguiram estabelecer contato por telefone, mas a ligação foi abruptamente interrompida.
Os vizinhos, igualmente encurralados pela enchente, avistaram as duas mulheres à distância, mas logo o silêncio se instalou. À 1h da madrugada de segunda-feira (04), a cidade mergulhada na escuridão e as baterias dos telefones se esgotando, a situação se agravou.
Com coragem e determinação, a cuidadora conseguiu conduzir Elma até uma estrutura de ferro que sustentava um parreiral nos fundos da casa. Ali, aguentaram por oito angustiantes horas com a água alcançando o pescoço, à espera de socorro.
O resgate finalmente ocorreu por volta das 9h da manhã, quando uma pessoa de barco chegou ao local. A casa de Elma, entretanto, foi completamente destruída. O velório de Elma Clara de Souza está marcado para sexta-feira (15), na Câmara de Vereadores de Roca Sales, onde amigos e familiares se reunirão para prestar suas últimas homenagens a essa corajosa mulher que enfrentou a fúria das águas com determinação e resiliência.