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Imprensa alemã: "Trump é exatamente o que os EUA querem"

6 nov 2024 - 11h52
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Nas primeiras análises pós-eleição, imprensa alemã tenta entender os motivos da vitória de Trump e conclui que americanos veem nele a mudança pela qual anseiam.Spiegel Online - Eles querem Trump

Harris era a antítese de Trump: uma mulher negra, uma política de carreira. Depois de um início bem-sucedido, a premissa de sua campanha eleitoral - de não fazer nada de errado - provavelmente deveria ter dado lugar a um plano de maior visibilidade: não se leva a melhor sobre o radical livre Trump repetindo sempre as mesmas fórmulas com um sorriso perfeito.

Porém, a nova vitória de Trump não pode ser explicada apenas pelos erros de Harris. Para a maioria dos americanos, mudança era o que eles mais queriam de seu próximo presidente. E, de acordo com as pesquisas, Trump tinha mais chances de incorporar essa mudança do que Harris.

Nesse caso, no entanto, mudança também significa que os eleitores de Trump não têm medo de tendências autoritárias, do iliberalismo que Trump cada vez mais representa. Talvez seja isso que eles queiram.

Isso também significa que eles não se importam se alguém - no caso, o presidente dos EUA - faça piadas racistas ou misóginas - ou as duas coisas juntas. Talvez eles achem isso engraçado.

Süddeutsche Zeitung - Donald Trump é exatamente o homem que os americanos querem

A vitória de Donald Trump é tão esmagadora que, num primeiro momento, cala os críticos desse homem. Os americanos o elegeram seu presidente numa eleição democrática com uma maioria tão convincente que qualquer relativização com referência ao sistema, às mentiras ou ao caráter, à estupidez de supostos caipiras cai por terra. Este país queria Donald Trump e sua promessa de liderança e força. Os Estados Unidos queriam o radicalismo, a brutalidade e a clareza que Trump exala. Trump não é um acidente de percurso na história, o país tomou uma decisão consciente. O poder dele se baseia na vontade de uma maioria aterrorizante.

Frankfurter Allgemeine Zeitung - Por que Kamala perdeu para Trump

Há semanas era evidente que um clima de mudança estava se espalhando pelos Estados Unidos. Muitos cidadãos lutam contra a inflação e veem seu país no rumo errado. O que não estava claro era se a vice-presidente Harris, de 60 anos, ou Trump, de 78 anos, que foi presidente de 2017 a 2021, encarnava melhor a mudança.

A resposta a essa pergunta foi clara: 41% disseram numa pesquisa pós-eleitoral que o republicano traria a mudança necessária. Apenas 14% atribuíam isso a Harris.

Ela aparentemente não conseguiu marcar pontos na questão eleitoral mais importante: a política econômica. Pelo contrário: os eleitores acreditam que o ex-empresário e milionário Trump é mais competente nessa área.

Isso também explica por que um grande número de latinos migrou para o campo republicano, um grupo de eleitores que, historicamente, costumava favorecer o campo democrata e cuja importância tem aumentado constantemente nos últimos anos. Enquanto pouco mais de 14 milhões de latinos estavam aptos a votar em 2000, esse número aumentou para mais de 36 milhões. Os latinos são agora o segundo maior grupo de eleitores entre os grupos étnicos, à frente dos negros.

Die Tageszeitung - Mas por quê?

O que os democratas não quiseram ver: em quase todas as pesquisas pós-eleitorais, cerca de 70% dos entrevistados disseram estar insatisfeitos ou irritados com a situação do país. E eles não estão dizendo isso pela primeira vez, mas já há pelo menos dois anos.

Esse é um clamor por mudanças à luz do qual o tamanho da vitória de Trump até parece relativamente moderado. Explicar às pessoas que os números da economia são excelentes e que elas não deveriam estar assim não foi uma boa ideia. Com isso ninguém paga aluguel ou compra mantimentos.

as/cn (ots)

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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