Liberalismo em Teerã

Apesar da recente onda liberal, levada adiante em grande medida graças à desafiadora postura da juventude local, diversos assuntos ainda são considerados tabu. Para todos os efeitos, não existem sexo antes do casamento, festas e “baladas” onde homens e mulheres se misturam, homossexualismo ou o consumo de álcool no país. Incorrer nestes delitos podem ter punições severas, chegando à pena de morte.

“Mesmo assim os jovens namoram, vão a festas mistas, bebem e fazem sexo antes do casamento. A questão é quem fica sabendo disso e como você lida com a situação”, diz Isfahani. Segundo ele, há um forte mercado negro de bebidas alcoólicas em Teerã. “A maioria das pessoas conhece alguém que pode fornecer garrafas de whisky, vodka, licor, arak ou cerveja”, muitas oriundas de Turquia e Armênia.

Segundo Isfahani, a notória frase do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, de que “não existem homossexuais no país” é completamente falsa. “Qualquer um que tenha passado mais de meia hora em Teerã sabe que existem milhares de gays no país. Desde que eles não digam explicitamente que são homossexuais ou sejam pegos fazendo algo considerado ilegal pelo regime, ninguém irá importuná-los aqui em Teerã”, diz o professor.

Piroozi se diz cético em relação ao moralismo iraniano. “Por conta das imposições religiosas do governo teocrático, viramos uma das sociedades mais hipócritas do mundo. A Revolução Islâmica ocorreu para garantir os direitos sociais de todos e as práticas religiosas que eram coibidas durante o governo do Xá, mas, no final, o que temos é um país no qual uma pequena parcela permanece no topo da sociedade, enquanto o governo se mantém no poder graças ao instrumento da religiosidade que impõe à população sem respeitar as individualidades de cada um”, resume.

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