Thaís Sabino
O assunto de destaque na política brasileira da última semana foi o anúncio de uma aliança municipal de São Paulo entre o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Progressista (PP). A foto polêmica em que o líder do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cumprimenta o deputado federal Paulo Maluf (PP) foi o estopim para a polêmica que deixou o pré-candidato Fernando Haddad sem vice, após a desistência da deputada federal Luiza Erundina (PSB).
A tensão entre o Lula e Erundina com Maluf começou na década de 1970, quando Maluf era governador de São Paulo e Lula e Erundina atuavam, respectivamente, no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e nos movimentos sociais na periferia da capital paulista. “Naquele momento, Maluf era um dos principais expoentes civis da ditadura militar e Lula e Erundina eram lideranças de movimentos sociais que se opunham a ela”, explicou o sociólogo e professor de Gestão de Políticas Públicas da USP, Wagner Iglecias.
Criado em 1980, o PT de Lula se postou como oposição aos partidos que deram o apoio à ditadura militar, principalmente o PDS, originado da Arena, legenda que vigorou de 1965 a 1979. “PDS e PT eram praticamente antípodas. O PDS tinha como membros políticos que apoiaram a ditadura militar, como Maluf, Antônio Carlos Magalhães, Marco Maciel e José Sarney, enquanto o PT representava setores situados à esquerda no espectro político, como os sindicalistas do ABC, intelectuais progressistas, militantes de movimentos sociais e das comunidades eclesiais de base ligadas à Igreja Católica”, exemplificou o sociólogo.
Segundo o especialista, “nos início dos anos 1980, os remanescentes da Arena e os fundadores e primeiros militantes do PT estavam em campos completamente opostos do cenário político brasileiro. O principal adversário político do petismo à época era o PDS”, disse ele.
Veja a seguir frases e momentos de tensão entre Maluf e integrantes do PT nas últimas três décadas.