Na época considerada o braço direito de Dilma Roussef, Erenice Guerra foi ministra-chefe da Casa Civil, durante menos de seis meses no último ano do governo Lula, em 2010. Foi setembro daquele ano, que um depoimento do empresário do setor de transportes Fábio Baracat, publicado na Revista Veja, acusou Israel Guerra, filho de Erenice, de tráfico de influência, em um esquema no qual ele cobraria propina de 6% para facilitar, por seu intermédio, negócios com o governo. Na lista de beneficiados, estavam a empresa de transporte aéreo MTA, que mantinha contrato com os Correios mediante pagamento de propina, e uma empresa energética, que Guerra teria procurado para pedir comissão e liberar empréstimos do BNDES.
Em meio a campanha eleitoral de 2010 e a exploração política dos fatos pelo então candidato José Serra (PSDB), Erenice negou as acusações e solicitou ao Ministério da Justiça (MJ) e a Corregedoria Geral da União investigações sobre os contratos suspeitos. O MJ iniciou um inquérito, mas negou ligação das suspeitas com Erenice. No dia 16 de setembro, sua demissão foi anunciada pelo governo. Na época, ela alegou ter sido vítima “de sórdida campanha contra sua imagem, motivada por interesses eleitorais”. Em 2008, ela já havia sido alvo de outro escândalo. Uma reportagem da Folha de S.Paulo relacionou seu nome a chamada “crise dos cartões corporativos”, na qual Erenice foi apontada como criadora de um dossiê político contra o PSDB.