Irã liberta ganhadora do Nobel da Paz após quase três anos presa
O governo do Irã autorizou a libertação temporária da ativista Narges Mohammadi, ganhadora do Nobel da Paz em 2023, conforme anunciaram seus familiares e advogados. Mohammadi, uma das maiores vozes da luta pelos direitos das mulheres no país, estava presa desde janeiro de 2022 e recebeu uma licença de 21 dias para tratamento médico.
A ativista passou por uma cirurgia nos ossos e, segundo seus familiares, a autorização para tratamento fora da prisão chegou tarde demais, agravando seu estado de saúde. Embora a licença permita sua recuperação, o tempo fora não será descontado de sua pena de mais de dez anos.
After weeks of delay following Narges Mohammadi's painful bone surgery, the prosecutor finally approved lawyer Mostafa Nili's request, granting her a 21 day suspension of sentence today.
Read more : https://t.co/rnTAfh1g6p
— Narges Mohammadi | نرگس محمدی (@nargesfnd) December 4, 2024
Justiça e a lei no Irã: gesto humanitário ou pressão internacional?
A libertação temporária de Mohammadi ocorre após semanas de pressão de organizações internacionais e apelos de sua família e de seu advogado. Em nota, a fundação que leva o nome da ativista criticou duramente o governo iraniano pela demora na decisão.
"Semanas de dor excruciante na prisão, apesar da defesa incansável de organizações de direitos humanos e figuras internacionais, destacam o desrespeito persistente pelos direitos humanos básicos de Narges Mohammadi e o tratamento desumano que ela sofre — mesmo depois de receber o prêmio Nobel da Paz", afirmou o comunicado.
A trajetória de Mohammadi é marcada por prisões constantes. Ao longo das últimas duas décadas, ela foi detida seis vezes, a primeira há 22 anos. Atualmente, cumpre pena no presídio de Evin, em Teerã, conhecido por abrigar críticos do regime. A ativista foi condenada a 10 anos e 9 meses por "espalhar propaganda contra o governo".
Além de sua luta pelos direitos das mulheres, Mohammadi é uma voz ativa contra a pena de morte no Irã, um dos países que mais utiliza essa punição no mundo. A breve liberdade, embora insuficiente para mitigar suas condições, reforça sua resistência e o impacto de sua luta global.