Irreconhecível, Alemanha estreia com derrota na Copa
Atuação na vitória por 1 a 0 do México comprova uma impressão que já pairava na preparação para o Mundial: Löw ainda não achou soluções para os problemas surgidos desde o título de 2014.A Alemanha iniciou a busca pelo pentacampeonato mundial com uma surpreendente e merecida derrota, por 1 a 0, para o México. Os atuais campeões mundiais repetiram as atuações decepcionantes dos jogos preparatórios e foram dominados, neste domingo (17/06), no estádio Luzhniki. O herói do jogo foi o jovem atacante Hirving Lozano, do PSV Eindhoven.
Em sua 19ª participação em Copas, a derrota para o México marca apenas a segunda derrota da Alemanha em estreias - a outra havia sido em 1982, quando perdeu por 2 a 1 para a Argélia. Ao mesmo tempo, foi também a primeira vitória mexicana contra um adversário europeu em solo europeu.
A atuação da Nationalelf comprovou uma impressão que já pairava na preparação para a Copa do Mundo da Rússia - o treinador Joachim Löw não encontrou soluções para a falta de criatividade e de competitividade quando sob pressão, e insistiu com alguns jogadores que não rendem há tempos, como Julian Draxler e Özil.
A bola praticamente não chegou até o centroavante Timo Werner - e se Werner não funciona, quais são as alternativas? As opções seriam Thomas Müller ou Mario Gómez - que não enchem os olhos de nenhum torcedor.
Se o setor defensivo era o ponto forte, este se mostrou bastante vulnerável. Mats Hummels e Jérôme Boateng não têm mais a mesma velocidade de outros tempos, enquanto Joshua Kimmich é o Daniel Alves alemão - mais preocupado nos avanços ofensivos do que com a cobertura defensiva.
Mas o principal sinal de alerta para Löw foi certamente a falta de compactação entre os setores - as lacunas, especialmente entre o meio-campo e o setor defensivo, eram demasiadamente grandes, e incomuns para a seleção alemã.
A Alemanha não perdia um jogo oficial desde a semifinal da Eurocopa de 2016, quando foi derrotada pela França, por 2 a 0. Desde então, eram 15 partidas com 14 vitórias e um empate - 1 a 1 contra o Chile na Copa das Confederações de 2017. No 100º jogo oficial de Löw, a primeira grande surpresa da Copa do Mundo de 2018.
O jogo
O jogo começou bastante intenso, com a seleção mexicana buscando impor uma correria para cima de uma envelhecida - e, em muitos momentos, lenta na recomposição defensiva - seleção da Alemanha. A média de idade de 27 anos e 310 dias representa a escalação mais velha da seleção alemã num Mundial desde a final de 2002.
E a formação defensiva, com Joshua Kimmich, Maths Hummels, Jérôme Boateng e Marvin Plattenhardt - que entrou no lugar de Jonas Hector, gripado - havia atuado junto apenas uma única vez, em outubro de 2017, na vitória por 3 a 1 contra a Irlanda do Norte.
E com rápidas investidas pelas extremidades - especialmente pela esquerda com Hirving Lozano - os mexicanos deram bastante trabalho a Kimmich, Hummels e Boateng. O capitão Manuel Neuer teve que intervir em diversas ocasiões - um sinal negativo para o desempenho defensivo da Nationalelf, mas comprovou também que o goleiro está completamente recuperado de sua lesão no pé esquerdo.
A pressão mexicana manteve-se durante toda a primeira etapa e surtiu efeito. Embora a Alemanha tenha tido suas chances, principalmente em finalizações de média distância, o México completou com maestria aos 35 minutos um dos tantos contra-ataques. Javier "Chicharito" Hernández avançou sozinho contra Boateng e rolou para Lozano, que deu um corte seco em Özil e fuzilou o canto inferior esquerdo de Neuer.
Um primeiro tempo completamente passivo dos atuais campeões mundiais. A Alemanha teve dificuldades em acelerar o jogo e não encontrou espaços pelas extremidades. Toni Kroos ainda cobrou uma falta com maestria, mas o arqueiro mexicano Guillermo Ochoa conseguiu desviar a bola para o travessão.
Na segunda etapa, como não poderia ser diferente, a Alemanha buscou muito mais o jogo, mas pecou na construção criativa das jogadas. As melhores oportunidades alemãs foram na base da pressão, com Draxler um pouco mais incisivo e Boateng com participação ativa na armação.
No quesito organização tática, o México deu um banho na Alemanha. Nos últimos 15 minutos prevaleceu a qualidade individual dos alemães - também devido ao cansaço dos mexicanos, que propuseram um jogo de alta intensidade. Julian Brandt acertou a trave no apagar das luzes.
A nota história fica por conta da entrada de Rafa Márquez, aos 30 minutos. Com isso, o zagueiro mexicano de 39 anos soma minutos em campo em sua quinta Copa do Mundo e igualou as marcas de Antonio Carbajal, goleiro do México, e Lothar Matthäus, meia alemão - o goleiro italiano Gianluigi Buffon foi convocado para cinco Copas, mas atuou apenas em quatro.
Ficha técnica
Alemanha 1 x 0 México
Local: Estádio Luzhniki, Moscou
Arbitragem: Alireza Faghani (Irã), auxiliado por seus compatriotas Reza Sokhandan e Mohammadreza Mansouri.
Gol: Hirving Lozano (35'/1T)
Cartões amarelos: Héctor Moreno (40'/1T), Thomas Müller (38'/2T), Mats Hummels (40'/2T) e Héctor Herrera (45'/2T)
Alemanha: Manuel Neuer; Joshua Kimmich, Jérôme Boateng, Mats Hummels e Marvin Plattenhardt (Mario Gómez); Sami Khedira (Marco Reus) e Toni Kroos; Thomas Müller, Mesut Özil e Julian Draxler; Timo Werner (Julian Brandt). Técnico: Joachim Löw.
México: Guillermo Ochoa; Carlos Salcedo, Hugo Ayala, Héctor Moreno e Jesús Gallardo; Andrés Guardado (Rafael Márquez) e Héctor Herrera; Miguel Layún, Carlos Vela (Edson Álvarez) e Hirving Lozano (Raúl Jimenez); Javier Hernández. Técnico: Juan Carlos Osório.