Israel agradece Trump por envio de bombas suspenso por Biden
Presidente dos EUA liberou entrega de bombas pesadas vetada por antecessor. Ministro israelense exalta sugestão do republicano de remover palestinos da Faixa de Gaza, para "limpar" região.O ministro israelense do Exterior, Gideon Saar, agradeceu neste domingo (26/01) ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por sua decisão de descongelar um carregamento de bombas pesadas que havia sido suspenso por seu antecessor, Joe Biden, para evitar que fossem usadas na Faixa de Gaza.
"Obrigado, presidente Trump, por mais uma demonstração de liderança ao descongelar uma importante remessa de defesa para Israel. A região fica mais segura quando Israel tem o que precisa para se defender", escreveu Saar em sua conta na mídia social X.
O portal de notícias americano Axios revelou no sábado que Trump ordenou que o Pentágono suspendesse a restrição imposta por Biden sobre o fornecimento de 1.800 bombas MK-84, pesando cerca de uma tonelada.
A remessa, armazenada nos Estados Unidos, será colocada em um navio e entregue a Israel nos próximos dias, acrescentou o Axios, citando três autoridades israelenses.
"Muitas coisas não enviadas por Biden estão a caminho"
Numa publicação na sua rede social Truth, no sábado, Trump disse: "Muitas coisas que foram encomendadas e pagas por Israel, mas não foram enviadas por Biden, estão agora a caminho!"
Embora Biden tenha apoiado a ofensiva de Israel na Faixa de Gaza e mantido o fornecimento de armas, ele decidiu, em maio, interromper o envio dessas bombas por medo de que elas fossem usadas em áreas densamente povoadas da cidade de Rafah, no enclave palestino do sul.
Essa decisão levou a um dos momentos mais tensos entre Washington e o governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Desde o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, Biden tem apoiado o objetivo de Israel de eliminar o grupo islâmico da Faixa de Gaza, ao mesmo tempo em que pede ao governo israelense que tome a Faixa de Gaza em suas próprias mãos.
Ministro elogia proposta de Trump de "limpar" Gaza
O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, de ultradireita, saudou neste domingo a ideia do presidente dos EUA, Donald Trump, de "limpar" Gaza, realocando os palestinos do território para o Egito e a Jordânia. "A ideia de ajudá-los a encontrar outros lugares para começar uma vida melhor é excelente. Após anos de glorificação do terrorismo, (os palestinos) poderão estabelecer vidas novas e boas em outros lugares", disse Smotrich em comunicado.
"Durante anos, os políticos propuseram soluções impraticáveis, como a divisão da terra e a criação de um Estado palestino, o que colocou em risco a existência e a segurança do único Estado judeu do mundo", acrescentou Smotrich, cujo partido é uma parte essencial do governo de coalizão de Benjamin Netanyahu.
"Somente o pensamento original com novas soluções trará uma solução de paz e segurança. Trabalharei, com a ajuda de Deus, com o primeiro-ministro e o gabinete para garantir que haja um plano operacional para implementá-lo o mais rápido possível."
O Hamas afirmou que se oporá à proposta. "Assim como eles frustraram todos os planos de deslocamento e de terras alternativas por décadas, nosso povo também frustrará tais projetos", disse Bassem Naim, membro do escritório político do grupo fundamentalista islâmico, referindo-se aos comentários de Trump.
Remoção pode ser "temporária ou de longo prazo"
Neste sábado, Trump defendeu que as nações árabes deveriam receber mais refugiados palestinos da Faixa de Gaza, retirando uma parte suficiente da população para "simplesmente limpar" o território.
A bordo do avião presidencial, o Air Force One, Trump disse aos jornalistas que mencionou o plano num telefonema com o rei Abdullah 2° da Jordânia e que falaria neste domingo com o presidente do Egito, Abdel Fattah el-Sissi.
"Gostaria que o Egito acolhesse pessoas", disse Trump. "Estamos falando de, provavelmente, um milhão e meio de pessoas, e simplesmente limpamos tudo e dizemos: 'Acabou'", acrescentou.
Trump elogiou a Jordânia por ter aceitado mais refugiados palestinos após o início da guerra entre Israel e o grupo radical islâmico Hamas.
Ele disse que a remoção em massa de palestinos "poderá ser temporária ou de longo prazo", acrescentando que, "ao longo dos séculos", a região onde se situa a Faixa de Gaza teve "muitos, muitos conflitos".
"É literalmente um local de demolição, quase tudo foi demolido e as pessoas estão morrendo lá. Então, eu preferiria me envolver com algumas das nações árabes e construir moradia em outro local onde elas possam talvez viver em paz, pelo menos por um tempo", disse o presidente.
"Portanto, prefiro envolver-me com algumas das nações árabes e construir habitações num local diferente, onde possam talvez viver em paz para variar", disse Trump.
Em 5 de dezembro, o ministro da Segurança Nacional de Israel, o ultranacionalista Itamar Ben Gvir, anunciou que apresentaria a Trump um plano para promover a entrada de judeus colonos e a emigração da população palestina de Gaza.
Numa entrevista publicada pelo jornal Maariv, o segundo mais lido em Israel, Ben Gvir, que vive numa colônia israelense no território palestino da Cisjordânia, garantiu que o apoio de Trump seria uma decisão "lógica" e "moral".
"Também será bom para os residentes de Gaza que emigram, voluntariamente, é claro", disse o ministro.
Durante o seu primeiro mandato (2017-2021), o novo presidente dos Estados Unidos apresentou um plano que previa a anexação por parte de Israel de quase 30% da Cisjordânia ocupada.
md (EFE, Lusa)