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Israel assume controle de fronteira de Gaza em Rafah

7 mai 2024 - 15h45
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ONU diz que entrada de ajuda humanitária no enclave palestino foi suspensa com o fechamento dos dois únicos acessos. Antes, em meio a incerteza sobre um cessar-fogo, Exército havia ordenado evacuação de civis.Os dois únicos postos de fronteira usados na entrega de ajuda humanitária à Faixa de Gaza foram fechados pelas Forças de Defesa de Israel (FDI), afirmou nesta terça-feira (07/05) a Organização das Nações Unidas (ONU).

Com isso, a ONU afirma que terá que suspender as operações de apoio aos mais de dois milhões de pessoas no enclave palestino. Trabalhadores humanitários ouvidos pela agência de notícias Reuters também confirmaram a suspensão de entregas de bens essenciais, como alimentos e medicamentos à Faixa de Gaza.

Nesta terça, as FDI anunciaram ter assumido o "controle operacional" do lado palestino da passagem de Rafah, que faz fronteira com o Egito. O posto era a única fronteira até então não controlada por Israel, que mantinha ainda a passagem de Kerem Shalom aberta para a entrada de ajuda humanitária em Gaza. Era também por Rafah que doentes e feridos deixavam o enclave. As FDI, porém, alegam ter suspeitas de que o ponto estivesse sendo usado para abastecer o Hamas com armas.

"Neste momento temos forças especiais escaneando o posto fronteiriço [de Rafah]", afirmaram as FDI. "Temos controle operacional da área e de outras passagens, e temos forças especiais escaneando a área."

O Exército israelense atua em Rafah desde a noite anterior. A cidade ao sul de Gaza, acredita-se, abriga mais de um milhão de civis que se refugiaram ali à medida que as FDI avançavam pelo território e era, até então, a única em Gaza que os soldados ainda não haviam adentrado.

As operações, segundo os militares, são "muito pontuais", "de abrangência muito limitada" e "contra alvos muito específicos". Por ora, as informações não sugeriam uma ação das tropas em larga escala.

A investida veio após foguetes disparados no domingo atingirem uma área próxima do posto fronteiriço de Kerem Shalom, deixando quatro soldados israelenses mortos. O Hamas confirmou a autoria do ataque, que segundo as FDI teria partido de Rafah. O grupo radical islâmico voltou a atacar o ponto nesta terça-feira.

Segundo as FDI, o posto de Kerem Shalom será reaberto assim que a situação de segurança permitir.

Acordo de cessar-fogo

Na noite de segunda (horário local), depois de Israel bombardear áreas ao leste de Rafah, palestinos chegaram a comemorar nas ruas a aceitação, pelo Hamas, de uma proposta de cessar-fogo mediada pelo Egito e o Catar que acreditavam que poria fim a sete meses de conflito.

Israel, porém, classificou a proposta como "inaceitável". Segundo a mídia israelense, o acordo aprovado pelo grupo radical não teria sido o mesmo negociado por Tel Aviv com o Egito. O país sinalizou intenção de continuar as conversas sobre um possível cessar-fogo, mas também disse que manteria as operações em Rafah.

A agência de notícias Reuters citou uma fonte israelense que falou de uma "proposta diluída do Egito" à qual o Hamas se referia. A mesma fonte disse à Reuters que o anúncio parece ser uma manobra do Hamas "para fazer Israel aparecer como quem se opõe ao acordo".

Os detalhes do acordo não foram divulgados.

Israel também tem registrado protestos de pessoas que pressionam o governo a aceitar um cessar-fogo em nome da soltura dos reféns que ainda estão em poder do Hamas.

Editor-chefe da revista alemã Zenith, que cobre o Oriente Médio, Daniel Gerlach disse à DW que "a questão é se Israel está inclinado a aceitar um cessar-fogo permanente em troca da libertação dos reféns", condição imposta pelo Hamas. Um acordo nesses termos, segundo Gerlach, seria difícil para o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, porque significaria desistir do objetivo de eliminar o Hamas e contrariar parceiros de seu governo, algo que provavelmente levaria à renúncia do premiê.

Comunidade internacional critica ação israelense em Rafah

Ao comentar a ação das FDI em Rafah, o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, disse que não há "zona segura" em Gaza e que civis não têm para onde fugir - os militares haviam orientado moradores de áreas ao leste de Rafah, perto da fronteira com o Egito, a se dirigirem à "zona humanitária ampliada" de Al-Mawasi, perto da cidade de Khan Younis.

UE e Estados Unidos têm pedido a Netanyahu que não lance uma ofensiva em larga escala em Rafah. "Apesar desses avisos e deste pedido, um ataque foi iniciado na noite de ontem [segunda-feira]", disse Borrell. "Temo que isso vá causar de novo muitas mortes de civis."

A ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, voltou a apelar a Israel. "Eu advirto contra uma ofensiva em larga escala em Rafah", escreveu no X (antigo Twitter). "Um milhão de pessoas não podem simplesmente sumir dos ares. Elas precisam de proteção. Precisam de mais ajuda humanitária, urgentemente", insistiu. "As passagens de Rafah e Kerem Shalom precisam ser reabertas imediatamente."

Ministra do Desenvolvimento da Bélgica, Caroline Gennez disse que um amplo ataque israelense a Rafah cruzaria uma "linha vermelha" e teria que ser respondido com sanções. "Está muito claro que a lei internacional não é mais respeitada em Gaza", assinalou.

O Egito também criticou a ação das FDI em Rafah, chamando-a em um comunicado do Ministério do Exterior de "escalada perigosa que ameaça a vida de mais de um milhão de palestinos que dependem principalmente deste ponto fronteiriço". Segundo a pasta, a postura israelense ameaça as negociações atuais para a obtenção de um cessar-fogo e a libertação dos reféns em poder do Hamas.

Os presidentes francês, Emmanuel Macron, e chinês, Xi Jinping, emitiram comunicado conjunto em que pedem um "cessar-fogo imediato e sustentável" e a soltura dos reféns, bem como a "implementação concreta da solução de dois Estados" no longo prazo. Os dois líderes ressaltaram ainda que os assentamentos israelenses na Cisjordânia contrariam a lei internacional.

ra/le (Reuters, epd, AFP, AP, dpa)

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