Israel convoca o embaixador do Brasil após Lula comparar guerra em Gaza com Holocausto
Netanyahu diz que Lula 'cruzou linha vermelha'. A Confederação Israelita do Brasil (Conib) também reagiu e chamou as declarações do presidente brasileiro de 'infundadas'
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que vai convocar o embaixador brasileiro para "uma dura conversa de repreensão", após a fala do presidente Luís Inácio Lula da Silva, comparando a guerra em Gaza com o Holocausto nazista e ações de Hitler.
"As palavras do presidente do Brasil são vergonhosas e graves. Trata-se de banalizar o Holocausto e de tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender", disse Netanyahu, em uma publicação neste domingo (18) no X (antigo Twitter).
Após Lula comparar Israel à Alemanha nazista, dizendo ainda que a guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza é igual ao que Hitler fez ao matar os judeus no Holocausto, Netanyahu reagiu com indignação, afirmando que "uma linha vermelha foi cruzada", pedindo a convocação do… pic.twitter.com/jWiUzbQkQN
— Hoje no Mundo Militar (@hoje_no) February 18, 2024
Lula fala sobre crise em Gaza e critica cortes a ONG
Lula também criticou os cortes na ajuda humanitária à Palestina anunciado nas últimas semanas por diversos países. Em viagem à Etiópia, o líder brasileiro voltou a classificar como "genocídio" as ações militares perpetradas por Israel na Faixa de Gaza.
"Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um exército altamente preparado e mulheres e crianças", lamentou Lula. O presidente garantiu que o Brasil fará novo aporte de recursos para ações humanitárias na região.
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Mais de 10 países - entre eles Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Itália, Suíça, Irlanda e Austrália - chegaram a suspender repasses para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA, na sigla em inglês). A entidade, ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), é a maior responsável por ações humanitárias implementadas na Faixa de Gaza.
Os cortes foram anunciados após Israel denunciar o envolvimento de alguns funcionários da entidade nos ataques realizados pelo grupo palestino Hamas no sul do país, em outubro do ano passado. O governo israelense também defendeu que a UNRWA fosse extinta e substituída por outras agências.
Por sua vez, a entidade anunciou o afastamento dos acusados, mas criticou a suspensão dos repasses financeiros. O chefe da UNRWA, Phillipe Lazzarine, pontuou que as alegações envolvem um grupo pequeno de funcionários. Ele também destacou que as vidas das pessoas na Faixa de Gaza dependem das contribuições internacionais, sem as quais diversas comunidades ficarão desamparadas. "A UNRWA é a espinha dorsal da resposta humanitária e a tábua de salvação de milhões de refugiados em toda a região", escreveu nas redes.