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Mediadores anunciam acordo de cessar-fogo em Gaza

15 jan 2025 - 13h12
(atualizado às 17h02)
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Acordo foi confirmado por Hamas, EUA e mediadores do Catar e do Egito, mas Israel ainda não confirmou endosso. Texto prevê libertação de reféns israelenses em troca de palestinos presos.Israel e Hamas chegaram a um acordo de cessar-fogo para encerrar o conflito na Faixa de Gaza após 15 meses de combates no enclave palestino, segundo anunciaram mediadores nesta quarta-feira (15/01).

"Posso anunciar que houve um cessar-fogo e um acordo de reféns alcançado entre Israel e o Hamas", disse o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em pronunciamento na Casa Branca. "Os combates em Gaza cessarão, e logo os reféns voltarão para suas famílias."

O grupo palestino Hamas confirmou que as negociações foram concluídas e que elas abrem caminho para o retorno de palestinos a Gaza. "O acordo de cessar-fogo é o resultado da lendária firmeza de nosso grande povo palestino", afirmou em nota.

Oficiais do Catar e do Egito, que mediaram as conversas, também disseram que as partes endossaram os termos do acordo. O primeiro-ministro do Catar, Mohammed Jassim Al-Thani, disse que o cessar-fogo deve começar a valer a partir do dia 19 de janeiro.

Em nota publicada mais cedo, porém, o gabinete do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou que ainda há cláusulas do acordo não resolvidas, mas espera que os detalhes sejam finalizados ainda nesta quarta-feira.

Já o presidente de Israel, Isaac Herzog, cuja cargo é majoritariamente cerimonial, defendeu que o acordo é a "medida certa" para a libertação dos reféns em pronunciamento televisionado.

"Como presidente do Estado de Israel, eu digo com toda a clareza: Esta é a medida certa. Esta é uma medida importante. Esta é uma ação necessária. Não há maior obrigação moral, humana, judaica ou israelense do que trazer nossos filhos e filhas de volta para nós. Seja para se recuperarem em casa ou para serem sepultados", disse Herzog.

O que diz o acordo

O texto delimita três fases de implementação que culminam no encerramento definitivo dos combates militares entre Israel e Hamas.

A primeira fase inclui um cessar-fogo de seis semanas, a retirada gradual das forças israelenses de Gaza e a libertação de reféns mantidos pelo Hamas em troca de prisioneiros palestinos detidos por Israel.

Ao menos 98 reféns permanecem em Gaza, de acordo com as autoridades israelenses. Eles incluem israelenses e estrangeiros, civis e soldados, homens, mulheres, duas crianças e idosos. Acredita-se que apenas cerca de metade deles esteja viva.

A primeira fase envolve a libertação de 33 destes reféns israelenses, incluindo todas as mulheres, crianças e homens com mais de 50 anos.

O Hamas deve libertar três refens por semana até o final da sexta semana, quando os demais também serão libertados.

Já Israel libertará 30 presos palestinos para cada refém civil e 50 presos palestinos para cada soldado israelense libertado pelo Hamas.

Mulheres, crianças e adolescentes palestinos menores de 19 anos detidas por Israel desde 7 de outubro de 2023 terão prioridade e devem ser libertados até o final da primeira fase.

Com isso, o número total de detidos palestinos que poderão retornar a Gaza pode ficar entre 990 e 1.650.

O texto também obriga que 600 caminhões carregando materiais de ajuda humanitária, como medicamentos e alimentos, possam entrar em Gaza diariamente, sendo que 50 deles poderão carregar combustíveis.

Mesmo que Israel e Hamas cumpram sua parte do acordo, novas negociações serão necessárias para a implementação de outras etapas para o encerramento definitivo do conflito.

As conversas sobre a execução da segunda fase, por exemplo, começarão até o 16º dia a partir da data de início do cessar-fogo. Esta etapa deve incluir a libertação de todos os reféns restantes, um cessar-fogo permanente e a retirada completa das forças israelenses de Gaza.

Na terceira fase, Hamas e Israel devem permitir o retorno dos corpos de soldados e civis mortos e iniciar a reconstrução de Gaza, que será supervisionada pelo Egito, Catar, Estados Unidos e pela ONU.

O acordo também deve permitir que milhares de pessoas deslocadas em Gaza retornem às suas cidades de origem, grande parte destruídas pelo conflito.

Conflito deixou milhares de mortos

As tropas israelenses invadiram Gaza após o Hamas promover um ataque terrorista contra comunidades em Israel em 7 de outubro de 2023, matando 1.200 soldados e civis e sequestrando mais de 250 reféns israelenses e estrangeiros.

Já a campanha militar de Israel em Gaza matou mais de 46.000 pessoas, segundo dados do ministério da saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, deixando a região costeira em ruínas e deslocando a maior parte da população do enclave, de 2,3 milhões de pessoas.

O conflito se espalhou pelo Oriente Médio, com grupos apoiados pelo Irã no Líbano, Iraque e Iêmen atacando Israel em solidariedade com os palestinos.

O acordo ocorre após Israel matar os principais líderes do Hamase do Hezbollah, do Líbano, em assassinatos que lhe deram vantagem estratégica.

Negociações

O cessar-fogo foi concluído após meses de negociações mediadas por Egito e Catar, com o apoio dos Estados Unidos, e ocorre pouco antes da posse de Donald Trump, presidente eleito dos EUA, em 20 de janeiro.

À medida que sua posse se aproximava, Trump repetiu exigências para que um acordo fosse feito rapidamente, alertando que haveria "consequências terríveis" se os reféns não fossem libertados. Seu enviado para o Oriente Médio, Steve Witkoff, trabalhou com a equipe do presidente americano Joe Biden para concretizar o acordo.

"Temos um acordo para os reféns no Oriente Médio. Eles serão libertados em breve. Obrigado!", escreveu Trump nas redes sociais nesta quarta-feira.

Passagem entre Gaza e Egito

A mídia estatal egípcia informou nesta quarta-feira que o país prepara a operação de "abrir a passagem palestina de Rafah para permitir a entrada de ajuda internacional" em Gaza.

Na primeira fase do acordo, o corredor que delimita a fronteira entre Egito e Gaza, deverá ser gradualmente desmilitarizado com as forças israelenses concluindo sua retirada do local até o 50º dia. O controle sobre esta passagem havia sido um dos principais obstáculos nas negociações anteriores de cessar-fogo.

as/bl/gq (AFP, Lusa, Efe, Reuters, AP)

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