Japão recorda lançamento da bomba de Hiroshima
O primeiro ataque atômico da história ocorreu há 72 anos. Governo local faz apelo pelo fim das armas nucleares. A cidade japonesa de Hiroshima recordou neste domingo (6) o 72º aniversário do lançamento do primeiro ataque nuclear da história com uma cerimônia em que foram feitos apelos ao desarmamento nuclear.
O ato aconteceu no Parque da Paz da cidade, que fica no oeste do Japão e incluiu um minuto de silêncio às 8.15 hora local (20h15 de sábado no Brasil).
Essa foi a hora exata na qual um bombardeiro B-29 da Força Aérea dos Estados Unidos lançou no dia 6 agosto de 1945 o "Little Boy", como foi chamada a primeira bomba atômica usada em um ataque contra civis e militares.
Desarmamento
Após o minuto de silêncio, o prefeito da cidade, Kazumi Matsui, pediu a todos os líderes mundiais que apoiem o tratado adotado por 122 membros das Nações Unidas no começo do mês para proibir as armas nucleares, o primeiro deste tipo a nível global.
"É o momento que todos os governos devem lutar para avançar rumo a um mundo livre de armas nucleares", afirmou Matsui, pedindo em particular ao governo do Japão "que manifeste o pacifismo estabelecido pela sua Constituição e faça todo o possível por facilitar a adoção global do pacto".
Tal acordo foi aprovado por quase dois terços dos países membros da ONU, ainda que se tenham mantido à margem todas as potências atómicas e muitos dos seus aliados - o Japão entre eles -, o que lança dúvidas sobre o sucesso da iniciativa.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, evitou mencionar diretamente o tratado durante o seu discurso, ainda que tenha destacado a necessidade de que tanto as potências nucleares como os restantes países "se envolvam para se conseguir um mundo verdadeiramente livre de armas atómicas".
"O Japão está decidido a liderar a comunidade internacional, mantendo os seus princípios de não produzir ou possuir armas nucleares nem de permitir a sua entrada em território nacional, e pedindo a todos os países para tomar medidas similares", disse Abe.
Convidados
A cerimónia contou com a participação de representantes de cerca de 80 países e da União Europeia, entre eles potências nucleares como Reino Unido, França, Estados Unidos e Rússia.
A subsecretária das Nações Unidas e alta representante para o desarmamento, a japonesa Izumi Nakamitsu, afirmou que os sobreviventes do ataque atómico de Hiroshima "enviam uma mensagem heroica ao mundo e uma lembrança dos devastadores efeitos destas armas", numa mensagem lida em nome do secretário geral da ONU, António Guterres.
A bomba lançada sobre Hiroshima foi detonada perto de onde fica o parque onde aconteceu a cerimónia. O ataque matou imediatamente cerca de 80 mil pessoas. O número aumentou ainda em 1945, quando o balanço de mortos subiu para 140 mil por causa dos efeitos da radiação.
Três dias após o ataque sobre Hiroshima, em 9 de agosto de 1945, os EUA lançaram uma segunda bomba sobre a cidade de Nagasaki, o que levou à capitulação do Japão seis dias mais tarde e pôs fim à Segunda Guerra Mundial.
Os ataques atómicos sobre ambas as cidades japonesas foram os únicos deste tipo executados até hoje.
Em março passado o número total de "hibakusha" ou sobreviventes dos ataques nucleares de Hiroshima e Nagasaki era de 164.621, comparado com os 372.264 que havia em 1980, e a sua idade média era de 81,41 anos.
JPS/efe/afp