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Joice diz que 'Gabinete do Ódio' da Presidência dissemina fake news

Deputada depõe em comissão que apura fake news; sessão terminou em ataques entre rivais e aliados do presidente

4 dez 2019 - 19h11
(atualizado às 22h02)
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BRASÍLIA - Ex-líder do governo no Congresso, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) prestou depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News da Câmara dos Deputados. A sessãofoi marcada para ataques entre bolsonaristas e ex-aliados do presidente.

Segundo Hasselmann, um dos mais ativos grupos de propagadores de notícias falsas e difamações seria o chamado "gabinete do ódio", integrado pelos assessores especiais da Presidência da República Filipe Martins, Tercio Arnaud, José Matheus e Mateus Diniz. "Estou mostrando o modus operandi, estou mostrando pessoas ganhando dinheiro público para atacar pessoas", disse.

Ex-líder do governo no Congresso, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) presta depoimento à CPMI das Fake News.
Ex-líder do governo no Congresso, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) presta depoimento à CPMI das Fake News.
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado / Estadão

Um único disparo por robôs custa, em média, conforme a parlamentar, R$ 20 mil. "De maneira, digamos, legal, comprovável imediatamente, (são destinados) praticamente R$ 500 mil, de dinheiro público, para perseguir desafetos. Essa é a função do 'gabinete do ódio'. Nós estamos falando de crime. Caluniar, difamar e injuriar são crimes previstos no Código Penal", disse a deputada, que também foi alvo de ataques de bolsonaristas.

Joice afirmou não saber quem financia tal cadeia de difamação, mas sugeriu à comissão que "siga o rastro do dinheiro porque estamos falando de milhões". Apesar de não apontar eventuais financiadores do esquema, a deputada declarou que boa parte da fonte das notícias falsas e campanhas difamatórias têm origem em gabinetes de políticos aliados do governo.

A ex-líder acusou o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PSC), filhos do presidente Bolsonaro, de pautarem a ação do "gabinete do ódio". Outro influenciador ligado ao grupo seria "o guru" Olavo de Carvalho. "Eu quero crer que o presidente não sabe disso", disse.

Joice disse que o próprio presidente tem publicações impulsionadas por robôs. "São quase dois milhões de robôs seguindo dois perfis, sendo 1,4 milhão no perfil de Jair Bolsonaro e 468 mil no perfil de Eduardo Bolsonaro", revelou.

Ao ser questionado pela imprensa sobre a atuação do "gabinete do ódio", Bolsonaro afirmou ontem: "Inventaram o 'gabinete do ódio' e alguns idiotas acreditaram. Outros idiotas vão até prestar depoimento, como tem um idiota prestando depoimento uma hora dessas lá." Procurados pela reportagem, o Planalto afirmou que não comentará o depoimento de Joice e Eduardo e Carlos não retornaram o contato até a publicação da matéria.

Joice contou na CPI que Bolsonaro a questionou se a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), sua inimiga política, havia trabalhado como prostituta na Espanha. Em resposta, Zambelli acusou a colega de ter preparado um dossiê contra ela e entregue ao presidente. Joice rebateu a acusando de "burra e louca" a repetiu "que foi o presidente quem perguntou se Zambelli trabalhou como prostituta na Espanha".

A deputada do PSL de São Paulo afirmou ter começado a investigar as estratégias de difamação de antigos aliados de Bolsonaro desde que foi destituída da liderança do governo e passou ela própria a ser alvo dos ataques.

Além da própria deputada do PSL, teriam sido vítimas das milícias virtuais ex-ministros, como Gustavo Bebianno e Carlos Alberto Santos Cruz, além do vice-presidente Hamilton Mourão. Também citou como alvos o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), os deputados Alexandre Frota (PSDB-SP), Dayanne Pimentel (PSL-BA), Delegado Waldir (PSL-GO) e youtubers e artistas.

Estadão
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