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Jovens relatam histórias de projetos sociais na Brazil Conference; veja como foi o debate

Evento discutiu ações feitas por alunos brasileiros que buscam um País menos desigual

1 mai 2020 - 20h47
(atualizado em 3/5/2020 às 11h56)
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Do curso gratuito de inglês nas periferias de Salvador a um projeto que mapeia pontos de entrega voluntária de lixo em São Gonçalo (RJ). Nesta sexta-feira, 1.º, a Brazil Conference at Harvard & MIT, evento realizado anualmente pela comunidade brasileira de estudantes em Boston, nos Estados Unidos, trocou líderes conhecidos do País pela história de dez jovens brasileiros que criaram projetos de impacto social em busca de um Brasil menos desigual. Este ano, o evento tem parceria com o Estado.

Pedro Bial, seguido por Peter Sonnenberg, co-presidente da Brazil Conference e estudante de mestrado de Harvard, e os 10 jovens do Programa de Embaixadores da Brazil Conference
Pedro Bial, seguido por Peter Sonnenberg, co-presidente da Brazil Conference e estudante de mestrado de Harvard, e os 10 jovens do Programa de Embaixadores da Brazil Conference
Foto: Brazil Conference / Reprodução / Estadão

Os jovens foram selecionados pelo Programa de Embaixadores da Brazil Conference, cujo objetivo é desenvolver líderes que resolvam problemas sociais e inspirem os demais jovens a promover mudanças no Brasil. Dos dez que participaram da edição deste ano, 70% fizeram ensino médio em escola pública e se autodeclaram negros. Em entrevista por videoconferência ao jornalista Pedro Bial, cada jovem contou sobre sua história de vida e contexto da criação do projeto.

Nascido em um bairro da periferia de Salvador, Vinícius Santos criou o WeSpeak Social Project para viabilizar o ensino de inglês nas comunidades do Brasil. A paixão pela educação veio depois de uma oportunidade de aprender o idioma estrangeiro em um programa da embaixada dos EUA. "Eu comecei a querer a ensinar muito mais para quebrar barreiras do que simplesmente para as outras pessoas aprenderem", disse. Hoje com mais de 300 alunos e uma equipe de 10 voluntários, o projeto está presente em dois bairros de Salvador e um de Itajaí, em Santa Catarina.

Também morador de um bairro de periferia, Vinicius de Andrade criou um projeto para democratizar o acesso à informação entre alunos da rede pública. Salvaguarda é resultado de sua própria história de vida. Primeiro da família a ingressar no ensino superior, Vinícius viu na faculdade uma oportunidade para ter uma qualidade de vida melhor do que seus pais e irmãs.

A vivência em dois mundos, o da periferia e o de uma das melhores faculdades da América Latina, o fez questionar a ausência de alunos de classes mais baixas na universidade. Em busca de respostas, ele aplicou um questionário em escolas públicas de sua cidade e descobriu que os estudantes tinham, sim, interesse pelo ensino superior. O que faltava era informação. "De 193 alunos que responderam, apenas 13 conheciam a Fuvest. Aí que vi que a informação é um recorte subestimado. Quem tem, esquece de quando ela chegou. Quem não tem, nem sabe que existe."

O Salvaguarda está presente em 38 escolas do ensino médio de Ribeirão Preto e em duas do Rio de Janeiro. O programa auxilia 20 mil alunos por meio de 600 voluntários. Além de excursões em campus universitários, o projeto oferece serviços como correção de redação e simulados, além de informações sobre o calendário de vestibulares.

A estudante Luma Moura também foi a primeira de sua família a cursar o ensino superior. Moradora de uma rua não asfaltada de São Gonçalo, em que não há coleta de lixo, ela se deu conta da realidade em que vivia depois de começar a estudar em outra cidade com mais infraestrutura. "Toda vez que eu voltava para a casa, diariamente, parecia que estava entrando em outro planeta", disse a estudante. "As pessoas não sabiam que era um direito. E nem eu."

Com a ajuda de uma amiga, ela mapeou pontos de entrega voluntária pela cidade. Na tentativa de ligar para esses lugares, descobriu que todos estavam fechados. "Conseguimos nos organizar e reivindicar a reabertura desses pontos", conta Luma. Até o momento, um desses pontos já foi reaberto. Além do mapeamento, o projeto Coletaí trabalha com a educação ambiental, desenvolvendo materiais de sensibilização e mobilização pelas redes sociais, além de planos de aula.

Falaram no painel desta sexta Elias Freitas (Pathfinder) e Melquisedec Negrão (MadTech), selecionados da região norte; Maria Clara Magalhães (Be.Labs) e Vinicius Santos (WeSpeak Social Project), do nordeste; Gabriella Valente (Fórum de Políticas Públicas para Mulheres) e Izadora Araújo (Recomeço), da região centro-oeste; Luma Moura (Coletaí) e Vinicius de Andrade (Salvaguarda), sudeste; da região Sul, Matheus Falasco (Youth Action Hub) e Tassia Jansen (#CreateYourFuture).

Confira a programação da Brazil Conference para a semana que vem

Presente e Futuro da Saúde no Brasil*

Entrevista com o Ministro da Saúde Nelson Teich. Entrevistadores Fernando Bruno (Mestrado Harvard) e Juliana Yamada (Mestrado MIT)

*Nova data será anunciada

Como empresas podem contribuir com a sociedade, 4/5, 19h

Artur Grynbaum, Eduardo Mufarej, Fabio Barbosa e moderado por Sonia Favaretto

A pandemia e os dilemas éticos da sociedade brasileira, 5/5 às 15h

Painel com Mário Sergio Cortella, Silvio Almeida e Viviane Mosé, moderado por Nathalie Gazzaneo (Mestrado Harvard)

Como nos tornarmos um Estado reformista?, 5/5, 19h

Rodrigo Maia, Paulo Hartung, Marcos Mendes e moderado por Eliane Cantanhêde

Os desafios dos Estados na Crise, 7/5, 19h

João Doria (SP), Helder Barbalho (PA), Renato Casagrande (ES), Flavio Dino (MA, a confirmar) e moderado por Andreza Matais

Estadão
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