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Justiça suspende ordem de Trump que limita cidadania por nascimento

23 jan 2025 - 18h52
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Constituição define que qualquer pessoa nascida nos EUA é automaticamente cidadã americana, regra que o presidente recém-empossado quer revogar; governadores democratas de 22 estados contestaram decreto.Um juiz federal bloqueou temporariamente, nesta quinta-feira (23/01), a ordem executiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de acabar com o direito à cidadania por nascimento para filhos de imigrantes ilegais ou com status temporário nascidos em solo americano, marcando o primeiro revés nos planos do novo presidente de reformar o sistema de migração.

Imigrante venezuelana grávida de 8 meses descansa na fronteira com o México enquanto tenta atravessar para os Estados Unidos
Imigrante venezuelana grávida de 8 meses descansa na fronteira com o México enquanto tenta atravessar para os Estados Unidos
Foto: DW / Deutsche Welle

O juiz distrital John C. Coughenour, de Seattle, considerou a ordem claramente "inconstitucional", de acordo com a emissora ABC News.

"Estou no tribunal há mais de quatro décadas. Não me lembro de outro caso em que a questão apresentada fosse tão clara. Trata-se de uma ordem manifestamente inconstitucional", declarou Coughenour, nomeado para o tribunal em 1981 pelo ex-presidente americano Ronald Reagan.

A 14ª Emenda da Constituição dos EUA estabelece que qualquer pessoa nascida em solo americano obtém automaticamente a cidadania, independentemente do status de migração de seus pais.

A ordem executiva de Trump - assinada por ele horas após assumir o cargo na última segunda - começaria em 30 dias e determina que pessoas nascidas nos EUA de pais imigrantes ilegais ou com status legal "temporário" - como um visto de trabalho ou de turismo - não poderiam obter a cidadania.

Na prática, isso impediria que o Departamento de Estado emitisse passaportes para essas crianças e que a Previdência Social as reconhecesse como cidadãs, dificultando o acesso a direitos básicos.

Democratas contra ordem de Trump

Um total de 22 estados com governadores democratas entraram com uma ação na terça-feira contra a tentativa de Trump de acabar com esse direito. Dezoito estados inicialmente apresentaram sua queixa na terça-feira e, no mesmo dia, mais quatro estados solicitaram ao tribunal federal que não aplicasse a ordem.

A decisão de Coughenour se refere a esses quatro últimos estados e entrará em vigor por 14 dias, período durante o qual poderá haver recursos contra ela, segundo o jornal The Seattle Times.

Os advogados dos estados que questionaram a ordem afirmaram que, caso seja aplicado, o ato negaria direitos e benefícios a mais de 150 mil crianças por ano e poderia deixar algumas delas "apátridas", de acordo com o jornal The New York Times.

A defesa do governo federal pediu ao tribunal mais tempo para apresentar argumentos a favor da ordem executiva. No decreto, Trump sustenta que daria nova interpretação à 14ª emenda da Constituição e que ela "nunca foi interpretada para estender a cidadania universalmente a todos os nascidos nos Estados Unidos".

sf (EFE, ots)

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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