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Assassinos de indígenas podem favorecer cargo público de Suzane Richthofen

Caso poderá servir de precedente para ex-Richthofen conseguir ocupar cargo, caso seja aprovada no concurso

12 set 2024 - 11h21
(atualizado às 12h05)
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Suzane von Richt
Suzane von Richt
Foto: Marcelo Gonçalves/SigmaPress/Estadão Conteúdo

Suzane Louise Magnani Muniz, ex-Richthofen, de 41 anos, tentou um cargo público no Tribunal de Justiça de São Paulo. Ela realizou o concurso para escrevente técnico judiciário no último domingo, 8, mas não poderá assumir a função, caso seja aprovada, pois terá que apresentar um atestado de antecedentes criminais. No entanto, casos envolvendo pessoas que cometeram crimes hediondos e ocupam cargos públicos podem servir de jurisprudência para que ela assuma o posto. 

De acordo com o blog True Crime, do jornal O Globo, o caso em questão ocorreu meia década antes do crime que vitimou Manfred e Marísia von Richthofen, em outubro de 2002. Na madrugada de 20 de abril de 1997, cinco jovens assassinaram o indígena Pataxó Galdino Jesus dos Santos, de 44 anos, durante um encontro de líderes indígenas em Brasília. 

O crime 

A vítima foi transformada em “tocha humana”, segundo palavras da acusação na época do caso, após uma noite de diversão do grupo. Ele havia ido para a sua pensão onde estava hospedado, no W3 Sul, mas o local estava fechado, e então, decidiu dormir em um ponto de ônibus.

Conforme depoimentos, o quinteto teria confundido Galdino com um morador de rua. Eron Chaves Oliveira, com 19 anos na época; Tomás Oliveira de Almeida, de 18; Max Rogério de Souza, de 18; Antônio Novely Cardoso Vilanova, de 19; e o menor Gutemberg Nader Almeida Júnior, de 1, compraram cinco litros de combustível e despejaram no corpo do indígena, enquanto ele dormia, sem sequer ter chance de defesa. Logo depois, o grupo fugiu. 

A vítima chegou a ser socorrida, mas teve 95% do corpo queimado, não resistindo aos ferimentos. A coluna aponta que os acusados alegaram que o motivo do crime era dar continuidade à diversão da noite. Os cinco não teriam demonstrado remorso ao longo do processo de homicídio qualificado, com agravantes de crueldade, motivo torpe, e impossibilidade de defesa da vítima. 

Todos atuam como servidores

Eron, Max, Antônio e Tomás, todos maiores de idade, foram condenados a anos de prisão em 2001. Enquanto cumpriam a pena, prestaram concursos públicos em diferentes esferas do funcionalismo e foram aprovados, tomando posse após decisões judiciais. Isso pode servir de precedente para Suzane, que atualmente cumpre o restante de sua pena de quase 40 anos em liberdade. 

Suzane Von Richthofen começa faculdade de direito no interior de São Paulo
Suzane Von Richthofen começa faculdade de direito no interior de São Paulo
Foto: Reprodução/Montagem

Conforme as regras do edital, o TJSP só permite que novos funcionários sejam admitidos com a apresentação de um atestado de antecedentes criminais, certidões de distribuições e execuções criminais, uma brecha do Supremo Tribunal Federal (STF) pode viabilizar a posse. 

Em outubro de 2023, a Corte decidiu que pessoas condenadas e aprovadas em concursos públicos podem ser nomeadas e empossadas caso o crime não seja compatível com a vaga. Além disso, é necessário também que não haja conflito de horário entre o trabalho e o cumprimento da pena.

Caso Suzane queira travar uma batalha judicial, poderá se basear na situação do grupo que assassinou o Pataxó, que conseguiram atuar em suas carreiras no funcionalismo após disputas no tribunal. 

A coluna aponta que Eron, de 46 anos, atua no Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), e ganha R$ 9 mil mensais. Antônio Novely, de 46, é servidor da Secretaria de Saúde do DF no Hospital Regional de Santa Maria, e sua média salarial é de aproximadamente R$ 12 mil.

Já Tomás, de 45, ocupa o cargo de técnico legislativo no Senado Federal, com salário bruto maior que R$ 18 mil.Gutenberg, que era o único menor de idade na época do crime, e hoje tem 44 anos, cumpriu um ano de medida socioeducativa por fato análogo ao crime de homicídio.

Portanto, ao alcançar a maioridade, teve o registro apagado, conforme consta na legislação. Ele atua como chefe na Polícia Rodoviária Federal (PRF) com salário de R$ 12 mil, mas antes, passou em concurso da Polícia Civil do Distrito Federal. No entanto, foi impedido de tomar posse por causa de seus antecedentes. 

Max, é o que mais se aproxima do desejo de Suzane. Ele é advogado e em 2017 foi nomeado analista judiciário no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), após ser aprovado em concurso. O salário é de R$ 17 mil. Diferente de Suzane, nenhum dos cinco devem algo à Justiça atualmente. 

Fonte: Redação Terra
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