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'Delação de Cid ainda é narrativa e não trabalho como pessoal da Lava Jato', diz procurador do caso

Carlos Frederico, que investiga Bolsonaro, solicitou diligências para apurar delação de Cid e outros elementos, e diz ainda não ter previsão de conclusão do inquérito

11 nov 2023 - 03h07
(atualizado às 07h27)
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O tenente-coronel Mauro Cid ao lado do então presidente Jair Bolsonaro
O tenente-coronel Mauro Cid ao lado do então presidente Jair Bolsonaro
Foto: Dida Sampaio/Estadão / Estadão

BRASÍLIA - Responsável pelas investigações que miram no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o subprocurador Carlos Frederico Santos avisa que não segue o método Lava Jato e classifica como "narrativas" as informações apresentadas em delação do ex-braço direito de Bolsonaro, o coronel Mauro Cid.

Cabe a Carlos Frederico acompanhar as investigações que tramitam no Supremo Tribunal Federal e tratam dos ataques golpistas de 8 de janeiro e do esquema de apropriação ilegal de joias doadas à Presidência revelado pelo Estadão.

"Eu investigo para comprovar. Não posso partir de ilações. Isso foi o jogo da Lava Jato. Eu não trabalho como o pessoal da Lava Jato. Eu trabalho com provas concretas para que as pessoas sejam denunciadas com provas irrefutáveis", disse o subprocurador em conversa com o Estadão.

Em delação aceita pela Polícia Federal, Mauro Cid falou sobre o envolvimento de Bolsonaro na tentativa de convencer a cúpula das Forças Armadas a impedirem a posse de Lula na presidência, contou como fraudou o cartão de vacinação do presidente e ainda como o chefe do Executivo operou o chamado "gabinete do ódio".

Quando questionado se a delação firmada pela Polícia Federal (PF) com o aval do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, segue o script criado pelas investigações do Ministério Público Federal (MPF) de Curitiba, Frederico se restringiu a dizer que não pode "fazer esse juízo de valor".

O subprocurador argumenta que a delação de Mauro Cid ainda é frágil porque não apresenta, por exemplo, a localidade ou o espaço-tempo em que os crimes delatados teriam ocorrido. "Isso aí tem que ser corroborado. Pedi uma série de diligências que estão em curso", afirmou o subprocurador.

"Eu só posso dizer que há um indicativo quando eu tiver provas concretas. Aí pode ser Pedro, José, Jair (os responsáveis), não importa. Para mim não importa quem seja, preciso de provas concretas a respeito disso. Para saber quem fomentou esses atos todos. A pessoa e o grupo de pessoas que despertaram o 8 de janeiro", enfatizou.

Carlos Frederico disse que as investigações se encontram na fase de cumprimento de diligências para comprovar teses surgidas até o momento, como a delação de Cid. Ele ainda afirmou não ter indicativos de quando conseguirá concluir os inquéritos para propor eventuais denúncias.

Estadão
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